Já
os conheço há mais de vinte anos. Estou mesmo em crer que os conheço ainda
antes de se terem conhecido um ao outro.
A
proximidade, a partilha de emprego e as razões que a razão desconhece fizeram
com que fizessem votos “até que a morte os separe”.
Literalmente,
pelo menos até ao momento.
Partilhamos
a mesma linha ferroviária de e para o emprego comum. Pelo que, quando acontece
termos o mesmo horário, desembarcamos na mesma estação e embarcamos no mesmo
autocarro. E, nessa partilha que as circunstâncias impõem, há algo que é
invariável. E particularmente bonito de ver.
Entre
o e comboio e o autocarro e entre este e o portão da labuta, caminham sempre da
mesma forma: ela à esquerda, ele à direita, ela com a sua carteira no ombro
livre, ele com uma pasta na mão livre.
Que
as mãos do lado de dentro estão sempre – leia-se sempre – dadas. Num enlace
tanto mais raro quanto se partilham no casamento e no trabalho, no trabalho e
no casamento. Todo o dia e noite. E, apesar disso, manterem-se de mão dada ao
fim de tantos anos… Incomum de ver, na rotina sombria que vamos vivendo.
Lá,
onde trabalhamos, muitos são os que os conhecem e que lhes dão a carinhosa
alcunha de “…inhas”, já que têm o mesmo apelido de solteiros.
E
não creio que alguém não lhes conheça esta ternurenta forma de viver.
Se
apenas metade dos que por cá andam tivessem esta forma de viver…
By me
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