quinta-feira, 30 de maio de 2013

Sorrisos na noite



É um hábito antigo que tenho:
Em subindo para um autocarro, e se não houver confusão na entrada, trato de saudar o motorista.
Naturalmente que o não conheço, que muitos são e vão variando, mas faço questão disso, que não são meros autómatos que ali vão, agarrados aos volantes, tão ou mais chateados com o caos citadino que nós, os transportados.
Quando calha ter o mesmo horário de noite, apanho o autocarro sempre à mesma hora, fazendo a ligação com o comboio, também sempre o mesmo, se não houver percalços p’lo caminho.
Tem sucedido que, nestes últimos dias, ter sido o mesmo motorista a fazer esta carreira a esta hora. Talvez que seja sempre, mas com os meus horários díspares, não o tinha reparado.
Desta feita reparei porque ao entrar, e ainda antes da minha própria saudação, já a estava a receber dele. Patusco e raro, tanto mais que não conheço de parte alguma, e deve ele lidar com muitos mais passageiros que eu com motoristas.
Surpreendeu-me ele ontem e hoje as “boas noites” foram em uníssono. Com o acréscimo de um sorriso atrás do seu bigode.
O dia não me correu particularmente bem. Mas este sorriso em fim de jornada compensou tudo o resto.
O seu preço? Muito mais barato que o obliterado na maquineta, mas com muito maior taxa de lucro. Recíproco.


 By me

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