A
ideia original de base não é minha, p’lo que aqui deixo a ressalva, ainda que não
saiba atribuir a autoria.
Considerando
que existem umas dez confissões religiosas, ou derivadas, em que o conceito de
céu e inferno fazem parte das perspectivas de futuro;
Considerando
que todas elas se afirmam como verdadeiras e únicas;
Considerando
que todas elas defendem que só elas salvarão de um inferno atroz ao contrário
de todas as outras;
Considerando
que, para ser intelectual e teologicamente honesto, só posso acreditar numa
delas.
Estou
assim condenado a nove infernos, por muito piedoso e crente que possa ser no
décimo.
Ora
é igualmente certo que todas elas me consideram pecador e condenado devido a
qualquer coisa que aconteceu algures na origem do mundo, num tempo em que só
existiam dois seres humanos e em que eu, nem sequer sendo sonhado, não poderia
fazer o que quer que fosse a favor ou contra. E que tudo devo fazer, hoje, para
obter o perdão daquilo de que me considero inocente.
Prefiro,
assim, criar eu mesmo o meu próprio paraíso e inferno, sendo eu mesmo acusador,
juiz e carrasco. Não alinhando nos conceitos, terrores e delícias que outros me
querem impingir.
Com
a vantagem de nunca ter que dizer, a uma criança recém-nascida:
“És
culpada dos erros dos outros e passarás a vida a humilhar-te e a pedir perdão.
E, mesmo que o faças, estás desde já condenada a nove em dez infernos.”
Que
essa coisa de querer formar (ou formatar) as crianças pelos nossos próprios
pensamentos com imposições, ameaças e terrores infernais, impedindo-as de
crescer em plena liberdade intelectual e de assumirem em plenitude a
responsabilidade dos seus próprios actos e decisões…
Tenho
p’ra mim que as duas piores coisas que a Humanidade criou, ao longo da sua história,
foram a teologia e o dinheiro.
E,
em havendo dúvidas sobre tal, veja-se o que esteve na origem de todas as
guerras e respectivas matanças e sofrimentos.
By me
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