sábado, 11 de maio de 2013

P'la janela




Vivemos quase que empalados em caixas de fósforos, obscenamente sobrepostas, justapostas, entaladas umas nas outras.
É p’las frestas que nelas rasgamos que acedemos ao sol, que é de todos quando nasce. Mas só de quando em vez.
Que outras, quando a vizinha faz a sua barrela de fim-de-semana e calha fazermos a nossa também, nem ao sol temos direito.
Resta-me a consolação de ter horários de trabalho e vida suficientemente arrevesados para não fazer coincidir limpezas domésticas cá no prédio.
E, com isso, ter direito a p’lo menos metade do que os deuses nos oferecem, do que os arquitectos conceberam e eu pago ao senhorio: luz!

By me

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