A
questão da fotografia recorrendo ao enquadramento integral e fazer disso um
estilo de imagem, é velha.
Não
querendo entrar em polémicas, entendo que é pouco prático e que a maior parte
das pessoas não o usam. E, em democracia, a maioria tem razão.
O
problema levanta-se, desde logo, porque raros são os laboratórios que imprimem
integralmente as imagens que lhes entregamos. E como os formatos de papel
standard não é consentâneo com os formatos das câmaras, algo será “cortado”, na
horizontal ou na vertical.
Em
seguida, temos que a imagem original raramente é vista. Exceptua-se o
diapositivo (ou slide). Todo o processo digital implica converter a imagem
formada sobre o sensor em impulsos eléctricos, estes em códigos digitais, estes
em impulsos eléctricos que, por sua vez, serão transpostos para o papel ou para
um ecrã. Em tudo isto, há sempre intermediários, automáticos ou não, que
alteram ou mesmo subvertem o resultado da passagem da luz através da objectiva.
Considerando
tudo isto, o uso de editores de imagem que acrescentem, retirem, ajustem,
melhorem aquilo que o fotógrafo quis fazer aquando da obturação é aceitável.
Diria
mesmo que recomendável, quando não conseguimos nessa altura aquilo que queremos
mostrar. Ou porque nos falhou qualquer detalhe técnico ou porque é essa
alteração que irá fazer passar a mensagem ou sentimento que se quer.
É
exactamente por isso, por ser possível e por ser recomendável, que me incomoda,
me faz saltar a tampa, me faz mesmo evitar ver as imagens que têm o raio do
horizonte torto. Muito principalmente quando esse horizonte é no mar.
Sabemos
que a linha do horizonte não é uma recta mas antes uma curva, já que o planeta
é quase esférico. Mas estar o mar a tombar para a esquerda ou para a direita…
Não só denuncia que esse detalhe não foi considerado na tomada de vista como
também não foi visto no tratamento posterior.
Claro
que o mar pode estar torto propositadamente. Interpretação subjectiva sobre um
qualquer assunto. Infelizmente, imagens dessas serão menos que 0,0001% de todas
as fotografias que têm o mar torto.
E,
para aqueles que lêem este meu desabafo meio cáustico, fica uma pergunta:
aceitam ter em casa, ou numa exposição, um quadro pendurado ligeiramente torto?
Ou está direito ou está assumidamente de lado.
Ver
um quadro assim, na parede, dá vontade de o ir endireitar. Tal como dá vontade
de endireitar o mar descaído de certas fotografias.
By me
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