quinta-feira, 25 de abril de 2013

Perguntas




Há já uns meses que ando a “namorar” aqueles olhos.
Pertencem a uma jovem que trabalha numa cafetaria de um centro comercial, perto de onde trabalho.
O verdadeiro motivo de ir até este local não se prende com os olhos mas antes p’la excelência do café que ali servem. E os bolinhos não lhe ficam atrás. Mas aqueles olhos…
Nem sempre os seus horários e os meus coincidem, p’lo que não tem coincidido o eu ter o equipamento certo comigo (estes merecem uma boa câmara e objectiva). Tal como nem sempre coincide o eu ter o equipamento e a dona destes olhos estar com ar de quem aceita o desafio. No fim de um dia de trabalho atrás de um balcão concorrido não será a melhor ocasião para aceitar tal desafio.
Mas hoje a coisa propiciou-se: equipamento certo, mesmo que minimalista, estar ela de serviço e parecer bem disposta.
O trabalho era, efectivamente, muito: dia feriado, solinho agradável, etc., faz aumentar exponencialmente a clientela. E o andar de um lado p’ro outro atrás do balcão.
A minha abordagem foi mais ou menos clássica, com o acréscimo de ter dito, antes de qualquer resposta, saber eu que o dia não seria o melhor.
A resposta foi também clássica, se bem que a não esperasse desta jovem, por qualquer motivo:
“Ah! É fotografo, é?”
Já conhecia a interrogação, mas hoje, talvez porque eu mesmo depois de um dia de trabalho, tinha o sentido de humor um tudo ou nada distorcido.
Tirando a câmara do ombro e a mochila das costas, abrindo-a em cima do estreito balcão e esparramando na cara um sorriso de vendedor de enciclopédias, atirei:
“Bem, andando com isto, não ando certamente a vender pneus.”
Ainda que meio caustica, parece que funcionou. Que as reticencias iniciais se desvaneceram e ficámos combinados p’ra um dia com menos movimento.
Mas, ora batatas! Ele há perguntas que, mais que desnecessárias, são idiotas!

By me

Sem comentários: