Fica
à vossa escolha: ler o artigo publicado no jornal “Público”, por um lado, ou
ler os artigos publicados nos jornais “Correio da Manhã”, “I” ou “Diário de Notícias”.
Lidos,
cada um individualmente, não se notará muito a diferença. A história relatada é,
“grosso modo”, a mesma, como mais ou menos detalhes. No entanto…
No
entanto o jornal “Público” titula o caso com “TVI suspende jornalista que se
queixou de Judite de Sousa” e mostra a fotografia da esquerda e Judite de Sousa;
O jornal “I” usa o título “Jornalista da TVI Ana Leal impedida de entrar na
estação” e ilustra com a fotografia do meio com Ana Leal; O “Diário de Notícias”
encabeça com “Ana Leal impedida de entrar na TVI” e usa a fotografia da direita
com o retrato de Ana Leal. Já o “Correio da Manhã” usa o título “Ana Leal
obrigada a abandonar a TVI” e não ilustra o artigo.
Claro
que o assunto é, por si só, polémico.
Fala
de figuras mediáticas (jornalistas mediáticos parece uma contradição mas não na
actual sociedade de informação); Refere uma questão de disciplina laboral; A
questão da ética jornalística está em causa; Aborda as eventuais “relações
perigosas” entre a comunicação social e o poder.
Mas
é particularmente interessante observar como esta história se transforma num
excelente exemplo da utilização da “voz activa ou voz passiva” que conhecemos
da língua portuguesa. Como com um título e uma fotografia se muda o centro de
interesse de uma mesma situação. Como, antes de se ler todo o artigo, se induz
o leitor a tomar partido. Como se manipula a opinião pública. Tudo isto, e pela
coincidência dos diversos artigos no grosso da história, sem mentir ou,
aparentemente, tomar partido.
Repetindo-me
nesta minha opinião, deveria ser obrigatório, nos programas de ensinos dos
jovens, o saber analisar as notícias que lhes chegam, interpretar os pontos de
vista subjectivos e defenderem-se das manipulações fáceis da comunicação
social.
Diz-se
que as sociedades ocidentais estão organizadas em três poderes: legislativo,
executivo e judicial. E que a comunicação social será o quarto poder. Diria eu
que este é o mais perigoso de todos porque não eleito, porque não sujeito a
decisões ou opiniões populares, porque sub-reptício, porque capaz de manipular
todo uma nação sem que esta dê por isso.
By me
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