Coisas
há que são difíceis de descobrir.
Por
exemplo: O que existe na face oculta de Plutão?
Acredito
que, mais cedo ou mais tarde se saberá, mas será mais tarde que cedo.
Outra
coisa também difícil de se saber é a alcunha por que somos tratados por quem
nos conhece, no trabalho ou na vizinhança. Mas, por vezes, um ouvido atento ou uma
conversa descuidada dá-nos essa informação. Que, diga-se em abono da verdade, é-nos
tão vital quanto o saber o que há na face oculta de Plutão.
Hoje
acabei por descobrir como me tratam nas minhas costas. E, caramba, até que
podiam ter mais imaginação.
Z-Z
Top, imagine-se.
Acredito
que a maioria que usa esse apodo para comigo nem sabe quem são ou o que fazem.
Quanto mais conhecer alguma das suas músicas. O apodo surge devido ao aspecto,
agora deficitário no que toca a pelagem facial.
Mas
sendo certo que a maioria das alcunhas contêm alguma dose de maldade, neste
caso até que me sinto lisonjeado: Os Z-Z Top são uma referência no mundo da música.
Se
quisessem ser mesmo mauzinhos, deveriam chamar-me algo bem mais corrosivo e de
acordo com o meu realmente mau feitio. Que o tenho, caramba! Não o cultivo, mas
também não o evito.
Eis
um exemplo prático:
Ao
fundo da Rua Augusta, no último quarteirão e junto ao arco, havia aí um mercado
de rua permanente de artesãos. Pintura (trazida de casa ou feita ali mesmo),
trabalhos em couro, em madeira, adereços como brincos, colares, pulseiras,
algumas peças de roupa… Seriam, talvez, uns dez ou quinze feirantes e
respectivos locais de venda, todos licenciados pela câmara municipal.
Pois
essa feira diária, animada e colorida, foi extinta. O município, a pedido do
MUDE – Museu do Design e Moda, obrigou-os a mudar de local, enviando-os para
outros, bem mais longe dos turistas e gente jovem, os habituais consumidores do
que ali se vendia. Foram afastados e dispersos de tal forma que muitos tiveram
que mudar de forma de vida.
O
argumento para tal afastamento foi que “Davam mau aspecto, assim na rua, junto
a um museu.”
Pois
eu entendo o contrário: o comércio de rua, artesanal ou não, dá vida às
cidades, tornando-as menos impessoais e mais calorosas.
Assim,
e dando jus ao meu mau feitio, decidi então não entrar neste museu. As estatísticas,
e eventuais proventos dos ingressos, não serão alimentados à minha custa.
Museus, directores de museus e autarcas que entendem que a actividade de rua é “menor”,
“rasca”, “imprópria da cultura”, não terão o ego e o currículo alimentado com a
minha pessoa e presença.
E,
voltando ao início da conversa, se gosto da alcunha que me puseram, já a que
ponho a estes estafermos da elite cultural não digo aqui. Não ficaria bem usar
tais palavras em público.
By me
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