Com
quinze anos já tinha escrito, batido à maquina, policopiado e distribuído panfletos
subversivos contra a guerra colonial.
Já
tinha assaltado, de noite, o liceu onde estudava e destruído algum material de
secretaria, como forma de protesto activo e real contra as prepotências do
sistema educativo ali vigentes.
Já
tinha participado em encontros clandestinos de associações de estudantes, em
Lisboa.
Já
tinha distribuído, a preços de custo, copias piratas de um livro de estudo obrigatório,
vendido nas livrarias a preços inacessíveis à maioria dos estudantes.
Já
tinha feito o jogo do gato e do rato com contínuos e polícias.
E
no dia seguinte…
No
dia seguinte foi a alegria de saber que mais nada daquilo faria sentido porque
obsoleto.
Foi
o entusiasmo de saber que aquilo que era conhecido apenas em sonhos e sussurros
– a liberdade – passara a fazer parte da vida real.
Foi
a euforia de aprender e saber que o futuro éramos nós e que sairia das nossas próprias
mãos.
O
tempo passou e de quinze passei a cinquenta e quatro. Os factos e as práticas
foram o que foram, tornando-se no que é hoje.
Espero
que possa, sabendo que a História não se repete mas tão só se equivale, voltar
a viver tempos equivalentes. Eu e todos os demais. Com a alegria, entusiasmo e
euforia equivalentes. Em breve, se possível.
Para
os que reclamam por um novo “25 de Abril”, um lembrete:
Não
queiram que o passado se repita. Não acontecerá! Construamos antes algo de
equivalente, que as circunstâncias são outras.
Mas
façamo-lo!
Não
se limitem a desejar e esperar que alguém o faça.
Se
virem a oportunidade, agarrem-na. Se a não virem, provoquem-na.
By me
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