sábado, 13 de abril de 2013

A ninhada




Começou ontem, a história, e tinha tudo para terminar mal.
A meio da manhã, quando fui tomar o cafezinho aqui na rua, dizem-me que andava por ali uma ninhada de patos, piqueninos, piqueninos mesmo. Claro que fui cuscar.
Intrigava-me como ali teriam chegado. Há um charco, agora quase com o nome de lago, nas imediações. Mas fica a uns bons 400/500 metros em caminhada. E se fossem assim tão pequenos, como lá teriam ido, para mais para o meio de prédios.
Em chegando ao local, já havia quem estivesse de volta deles. Uma senhora, jovem, estava a recolhê-los, com todo o desvelo, e a colocá-los numa gaiola, melhor, numa caixa de transporte de cães ou gatos.
Fiquei a saber que é tratadora de cães, numa quinta aqui no concelho, e que estava a pensar em levá-los para lá, deixá-los crescer e soltá-los.
Em alternativa, sugeri que os fosse deixar no tal charco/lago. A protecção da água haveria de os afastar de predadores e a mãe, que andava por ali a voar baixo por entre os prédios, haveria de dar com eles.
Ficámos assim, sem eu saber ao certo que destino iram ter.
Hoje, decidi ir dar uma olhada à água. O dia tinha estado bem agradável, a luz abundava e a paciência estava no ponto.
A primeira coisa que fiquei a saber é que, por ali, há pelo menos uma dúzia de patos. Entre os que vi no ar e os que vi na água, talvez até fossem mais.
Também fiquei a saber que o charco/lago serve de piscina a catraios aqui do bairro. Nada de muito recomendável, mesmo que a água ainda não esteja por demais suja. Mas os galhos espetados ou pedras que podem estar abaixo da superfície e não visíveis podem ser perigosos. Ainda tentei conversar com eles, mas, e como seria de esperar, não me deram troco.
A minha sorte, entretanto, sorriu-me.
A dado passo vejo esta família, feliz, no meio da água. Andavam por lá mais três, mas bem menos numerosas. E se digo feliz é porque a ninhada tem exactamente o mesmo número dos que foram apanhados na véspera, aqui na rua.
Claro que não posso afirmar que se trate da mesma. Nem sequer sei se, num caso destes, a mãe reconheceria e receberia os filhotes.
Mas agrada-me pensar que sim, que foram devolvidos a quem deles quer e sabe cuidar e que, na próxima estação, terão este charco ou lago como local predilecto.

By me 

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