Por
vezes chateia a forma como certas coisas se repetem.
Ontem
quis ir fotografar o nascer da lua. Uma vez mais. E quis fazê-lo onde e como já
tenho tentado e não tenho conseguido os resultados que quero: junto ao Tejo,
virado p’ra Leste, vendo-a subir acima da água.
Tudo
se conjugava p’ra que corresse bem: encontrei as tabelas astronómicas que me
deram tempos e orientação com rigor, a meteorologia previa condições adequadas,
tinha eu horário de trabalho que me deixava livre para tal projecto…
Mas,
e mais uma vez, as leis de Murphy deram um ar da sua graça: a ventania
obrigou-me a andar com o chapéu pendurado, antes que voasse; a neblina no
horizonte escondeu o momento que eu queria, só deixando ver a Lua quando ela
estava mais de um palmo acima do rio. Uma vez mais nem o tamanho, nem a posição
nem os reflexos eram os que queria.
Já
começa a chatear!
Mas
chateou-me bem mais uma conversa que tive.
Enquanto
esperava p’lo momento certo, que não aconteceria, entretinha-me eu a fazer
outras fotografias, usando da 400mm e do monopé.
Já
o sol se não via e passam por mim três jovens, duas elas e um ele, que comentam
sobre o que a minha objectiva era capaz de captar. Conversámos um nico,
mostrei-lhes o que fazia e tentaram fazer equivalente com a que uma delas tinha
na sua própria câmara, uma 18-55mm.
Disse-me
a dona da câmara que estudava num curso técnico-profissonal de fotografia em…
(não o refiro propositadamente).
Mas
ao longo da conversa que ali tivemos de mais de meia hora, em que íamos
tentando tirar partido da Lua, agora já visível mas não como a queria, a ignorância
que ela ia demonstrando era confrangedora. Tanto no que respeita a controlo de
luz, como no manuseio da sua própria câmara como em termos de composição.
Acabaram
por desistir, até porque o fresco já se manifestava. Deixei-me ficar eu, que
sou teimoso e haveria de trazer algo na câmara.
Mas
o que me incomodou, mesmo, foi a quantidade de coisas mais que básicas que
aquela mocinha ignorava, sendo que frequentava um curso de fotografia e já
estamos em finais de Abril.
Até
que me lembrei de uma pergunta que ela havia feito, quase logo no início da
nossa conversa: “Porque é que usa uma Pentax? Elas não são más e antiquadas? Boas
são só as Nikon e as Canon. Quem mo disse foi o meu professor.”
Coitada
desta mocinha, e dos seus colegas, que ao fim de sete meses de um curso de
fotografia, aprendeu isto mas não sabe manejar a câmara que possui.
E
malditos os professores que incutem nos seus alunos a noção de que o que conta é
a marca da ferramenta e não o uso que dela se faz.
Começa
a ser cansativo o não conseguir fotografar a Lua como quero. E já estou farto
de encontrar gente a frequentar escolas da treta.
By me
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