terça-feira, 23 de abril de 2013

Exercício de estilo




Éramos três e todos ligados à fotografia, ao vídeo e TV e à escrita.
Das várias coisas que então partilhámos, e já lá vão vários lustros, recordo um exercício de criatividade, sugerido já não sei por quem.
Cada um de nós entregava a um dos outros uma fotografia feita por si e da sua escolha. Passado algum tempo, suponho que quinze dias, mas não garanto, cada um apresentava ao terceiro a fotografia acompanhada de um texto, entretanto escrito. Novo ciclo de tempo e a foto e o texto eram entregues de novo ao primeiro, agora com uma nova fotografia a acompanhar. E quem recebia teria de novo um tempo limite para fazer um novo texto. E por aí fora até que algum de nós dissesse sobre o que tinha na mão: “Está completo! Não lhe acrescento nem uma virgula ou halogeneto de prata”!
O exercício terminava aqui com três conjuntos de fotografias e textos evolutivos e de criação colectiva. 
Nem para o texto nem para a imagem havia restrições. Poderia ser uma palavra, uma frase, um poema ou várias páginas de escrita “caótica”. E poderia ser em cores ou preto e branco, positivo, negativo ou diapositivo, fosse qual fosse o tamanho apresentado.
A Terra rodou muitas vezes, e as nossas vidas também. Se eu sou um orgulhoso e satisfeito operador de imagem vídeo, outro é o proprietário de uma produtora de vídeo e o terceiro foi um notório realizador de TV lá para os antípodas. 
Mas certamente que este exercício de estilo, esta diversão de comunicação de ideias e saudavelmente exigente, tê-los-á marcado como a mim. 
Ainda hoje as imagens me provocam palavras, as palavras sugerem imagens e ambas as situações me levam a emoções. 
E continua a ser um exercício interessante, ainda que agora a uma só voz, manter diariamente a relação palavra/imagem e imagem/palavra. Conseguir a ilustração certa, por vezes com tempos reduzidíssimos, ou a verborreia adequada a algo que vi e registei, consegue manter-me acordado e alerta, mesmo nas ocasiões mais apertadas.
Se o resultado é bom ou mau? Não sou juiz em causa própria, mas são incontáveis as vezes em que penso que poderia ter feito ou abordado o tema de outra forma.

By me

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