Éramos
três e todos ligados à fotografia, ao vídeo e TV e à escrita.
Das
várias coisas que então partilhámos, e já lá vão vários lustros, recordo um
exercício de criatividade, sugerido já não sei por quem.
Cada
um de nós entregava a um dos outros uma fotografia feita por si e da sua
escolha. Passado algum tempo, suponho que quinze dias, mas não garanto, cada um
apresentava ao terceiro a fotografia acompanhada de um texto, entretanto
escrito. Novo ciclo de tempo e a foto e o texto eram entregues de novo ao
primeiro, agora com uma nova fotografia a acompanhar. E quem recebia teria de
novo um tempo limite para fazer um novo texto. E por aí fora até que algum de
nós dissesse sobre o que tinha na mão: “Está completo! Não lhe acrescento nem
uma virgula ou halogeneto de prata”!
O
exercício terminava aqui com três conjuntos de fotografias e textos evolutivos
e de criação colectiva.
Nem
para o texto nem para a imagem havia restrições. Poderia ser uma palavra, uma
frase, um poema ou várias páginas de escrita “caótica”. E poderia ser em cores
ou preto e branco, positivo, negativo ou diapositivo, fosse qual fosse o
tamanho apresentado.
A
Terra rodou muitas vezes, e as nossas vidas também. Se eu sou um orgulhoso e
satisfeito operador de imagem vídeo, outro é o proprietário de uma produtora de
vídeo e o terceiro foi um notório realizador de TV lá para os antípodas.
Mas
certamente que este exercício de estilo, esta diversão de comunicação de ideias
e saudavelmente exigente, tê-los-á marcado como a mim.
Ainda
hoje as imagens me provocam palavras, as palavras sugerem imagens e ambas as
situações me levam a emoções.
E
continua a ser um exercício interessante, ainda que agora a uma só voz, manter
diariamente a relação palavra/imagem e imagem/palavra. Conseguir a ilustração
certa, por vezes com tempos reduzidíssimos, ou a verborreia adequada a algo que
vi e registei, consegue manter-me acordado e alerta, mesmo nas ocasiões mais
apertadas.
Se
o resultado é bom ou mau? Não sou juiz em causa própria, mas são incontáveis as
vezes em que penso que poderia ter feito ou abordado o tema de outra forma.
By me
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