sábado, 1 de novembro de 2014

Ética e pedagogia



Quando ouvi a campainha pela primeira vez disse cá para comigo: “Ora batatas! Esqueci-me!”
Resolvi a coisa como pude e tratei de me pôr em campo para não ser de novo apanhado: arranjei-me e fui tomar café, trazendo junto com o pão o que me faltava.
Da vez seguinte estava pronto, tal como nas duas mais que aconteceram.
Mas numa delas, as idades eram tão baixas e estavam sozinhas que nem me atrevi a propor. Da vez seguinte recebi um “não” por resposta, ainda que no meio de risos. Só da terceira consegui os meus propósitos: uma fotografia.
Falo de quê? De uma tradição por mim criada em face da tradição inventada do “doçuras ou travessuras”: Em abrindo a porta e vendo os petizes, rindo, fazendo o pedido, respondo “troco” de imediato. E perante a surpresa deles, acrescento: “Contribuo em troca de uma fotografia”.
Para tal, tenho um saco com “doçuras” (rebuçados ou pastilhas ou bolinhos pequenos) comprados propositadamente para o negócio.
Todos os anos consigo uma, duas ou três, dependendo do dia da semana em que acontece e das horas em que estou em casa.
Mas, a seguir a fazer a fotografia e de lhas mostrar, acrescento uma lição de moral:
“Vocês não deviam permitir o fazer de uma fotografia por um estranho. Não me conhecem nem sabem o uso que posso dar-lhe. Da próxima digam que não.”
Ficam a olhar para mim, estranhando o recado, e acabam por se rir e seguir para outras portas. E eu regresso aos meus afazeres, sabendo que cumpri o que entendo que devo fazer.
Das que tenho feito ao longo dos tempos, apenas uma exibi. Três mocinhas talvez que com quinze ou dezasseis anos que, de tão mascaradas estavam, nem se lhes podia reconhecer as feições. Todas as outras têm ficado – e continuarão – no recato do meu arquivo.
Esta de ontem? Bem, foi um fiasco técnico meu com o flash, logo corrigido.

E serve para ilustrar o que não deve ser feito.

By me 

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