Quando ouvi a campainha
pela primeira vez disse cá para comigo: “Ora batatas! Esqueci-me!”
Resolvi a coisa
como pude e tratei de me pôr em campo para não ser de novo apanhado:
arranjei-me e fui tomar café, trazendo junto com o pão o que me faltava.
Da vez seguinte
estava pronto, tal como nas duas mais que aconteceram.
Mas numa delas, as
idades eram tão baixas e estavam sozinhas que nem me atrevi a propor. Da vez
seguinte recebi um “não” por resposta, ainda que no meio de risos. Só da
terceira consegui os meus propósitos: uma fotografia.
Falo de quê? De
uma tradição por mim criada em face da tradição inventada do “doçuras ou
travessuras”: Em abrindo a porta e vendo os petizes, rindo, fazendo o pedido,
respondo “troco” de imediato. E perante a surpresa deles, acrescento: “Contribuo
em troca de uma fotografia”.
Para tal, tenho um
saco com “doçuras” (rebuçados ou pastilhas ou bolinhos pequenos) comprados propositadamente
para o negócio.
Todos os anos
consigo uma, duas ou três, dependendo do dia da semana em que acontece e das
horas em que estou em casa.
Mas, a seguir a
fazer a fotografia e de lhas mostrar, acrescento uma lição de moral:
“Vocês não deviam
permitir o fazer de uma fotografia por um estranho. Não me conhecem nem sabem o
uso que posso dar-lhe. Da próxima digam que não.”
Ficam a olhar para
mim, estranhando o recado, e acabam por se rir e seguir para outras portas. E
eu regresso aos meus afazeres, sabendo que cumpri o que entendo que devo fazer.
Das que tenho
feito ao longo dos tempos, apenas uma exibi. Três mocinhas talvez que com
quinze ou dezasseis anos que, de tão mascaradas estavam, nem se lhes podia
reconhecer as feições. Todas as outras têm ficado – e continuarão – no recato
do meu arquivo.
Esta de ontem? Bem,
foi um fiasco técnico meu com o flash, logo corrigido.
E serve para
ilustrar o que não deve ser feito.
By me
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