“A arte é uma
fonte de conhecimento, tal como a ciência, a filosofia, etc., e a grande luta
empreendida pelo homem para ir ajustando a sua concepção da realidade – que é o
que o enaltece e o torna livre – não pode prosperar se se manipularem ideias
que já foram concebidas e realizadas anteriormente. As formas caducas não podem
conduzir a ideias actuais. Se as formas não forem capazes de ferir a sociedade
que as recebe, de a irritarem, de a impelirem à meditação, de fazerem com que
ela veja que está atrasada, senão estiverem em ruptura, então não são uma
verdadeira obra de arte. Perante uma verdadeira obra de arte, o espectador deve
sentir-se obrigado a fazer um exame de consciência e a pôr em dia as suas
velhas concepções. O artista deve fazer com que ele compreenda que o seu mundo
era estreito, e deve abrir-lhe novas perspectivas. Isto é: deve levar a cabo
uma autêntica obra humanitária.
Quando o grande
público encontra plena satisfação em determinadas formas artísticas, é porque
essas formas já perderam toda a sua virulência.
Onde não houver
verdadeiro impacto, não haverá arte. Quando a forma artística não é capaz de
provocar o desconcerto no espírito do espectador e não o obriga a mudar a forma
de pensar, não é actual. “
Texto: Antoni
Tàpies, in “A prática da arte”, 1970
Imagem: perto do
local onde a obra foi escrita
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