quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Com calma



Uma ocasião necessitei de uma consulta no médico de família. Não era nada demais, mas queria a sua opinião e recomendação sobre algo que me incomodava.
Assim, e não sendo urgente, dirigi-me ao centro de saúde a meio da manhã, já depois de ter terminado a fila para as urgências do dia. Não valia a pena atrapalhar que estava de aflitos.
Em chegando a minha vez, apresentei a respectiva senha e cartão de utente e disse o que queria à funcionária que fazia as marcações.
Ela consultou a agenda (ainda era em agendas de papel) e disse-me:
“Tenho vaga para dia 17, daqui a dois meses.”
E ficou a olhar para mim.
Efectivamente o meu caso não era urgente, mas dois meses não me calhava. E fi-lo saber com a seguinte tirada, dita em tom calmo:
“Bem! Daqui por dois meses ou consulta ou autópsia.”
Olhou para mim com mais intensidade, talvez que à espera que eu disparatasse em voz alta mas, em vendo que mais nada eu dizia, tornou a olhar para a agenda, foi passando as folhas e disse por sua vez:
“Olhe: tenho vaga para a semana que vem. Serve-lhe?”
Claro que servia e foi na semana seguinte que fui ouvir a opinião do médico.

Por vezes – as mais das vezes – é com muita calma e algum bom-humor que se resolvem as situações.


By me

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