Não gosto de
futebol!
Não apenas porque
serve de alienação às massas, que se revêem nas vitórias e derrotas dos seus ídolos
e investem menos nas suas próprias capacidades, como há outras actividades
desportivas bem mais agradáveis do ponto de vista visual.
E, como se tudo
isto não bastasse, o futebol, como todos os desportos-espetáculo, é um elevar à
categoria de quase divindade a competição, coisa que contesto furiosamente.
No entanto a posição
recém tomada pelo governo sobre a compra de direitos televisivos de jogos da
liga dos campeões pela RTP é uma posição ideológica e de compadrio.
Quer-se que a
empresa televisiva seja cada vez mais autónoma dos dinheiros públicos. Pode-se
discutir esta posição, mas é uma posição política.
Mas as transmissões
de futebol, em particular as internacionais e de alto gabarito, são geradoras
de receitas directas e indirectas. Na publicidade que lhe está directamente
associada e na fidelização de público ao canal e na correspondente publicidade
a que isso corresponde. Mesmo que algo distante da transmissão dos jogos.
E essa publicidade
permite a tal autonomização económica definida pelo governo.
O que acontece, e
não sejamos hipócritas, é que essa mesma publicidade – e respectivos proventos –
a serem atribuídos à RTP, não o serão às demais estações privadas,
retirando-lhes os lucros.
A questão não está,
portanto, no investimento nas transmissões ou na questão ética da transmissão
de desporto-espetáculo num canal público.
A questão está
mesmo no desinvestimento no sector público (todo ele) para benefício do
investimento privado.
Se a tudo isto
acrescentarmos as proximidades económicas ou partidárias dos detentores dos
canais privados com os detentores do poder, entendemos sem grande esforço o
porquê desta reacção imediata.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário