sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A frio!


Não gosto de futebol!
Não apenas porque serve de alienação às massas, que se revêem nas vitórias e derrotas dos seus ídolos e investem menos nas suas próprias capacidades, como há outras actividades desportivas bem mais agradáveis do ponto de vista visual.
E, como se tudo isto não bastasse, o futebol, como todos os desportos-espetáculo, é um elevar à categoria de quase divindade a competição, coisa que contesto furiosamente.
No entanto a posição recém tomada pelo governo sobre a compra de direitos televisivos de jogos da liga dos campeões pela RTP é uma posição ideológica e de compadrio.

Quer-se que a empresa televisiva seja cada vez mais autónoma dos dinheiros públicos. Pode-se discutir esta posição, mas é uma posição política.
Mas as transmissões de futebol, em particular as internacionais e de alto gabarito, são geradoras de receitas directas e indirectas. Na publicidade que lhe está directamente associada e na fidelização de público ao canal e na correspondente publicidade a que isso corresponde. Mesmo que algo distante da transmissão dos jogos.
E essa publicidade permite a tal autonomização económica definida pelo governo.
O que acontece, e não sejamos hipócritas, é que essa mesma publicidade – e respectivos proventos – a serem atribuídos à RTP, não o serão às demais estações privadas, retirando-lhes os lucros.
A questão não está, portanto, no investimento nas transmissões ou na questão ética da transmissão de desporto-espetáculo num canal público.
A questão está mesmo no desinvestimento no sector público (todo ele) para benefício do investimento privado.

Se a tudo isto acrescentarmos as proximidades económicas ou partidárias dos detentores dos canais privados com os detentores do poder, entendemos sem grande esforço o porquê desta reacção imediata.

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