Foi uma das coisas
que me entusiasmou no liceu, pese embora nunca ter seguido esse ramo: a
disciplina de geografia e a forma como o clima influencia os povos e os seus
relacionamentos.
Recordo de ter
aprendido os nomes dos diversos tipos de vento e nuvens, de ter aprendido a
interpretar uma carta meteorológica, com as suas curvas isobáricas, do que eram
centros de alta e baixa pressão…
Depois… bem,
depois a vida deu muitas voltas e outros aspectos do ser humano me interessaram
bem mais que ventos e marés.
Mas nunca deixei
de prestar atenção aos boletins meteorológicos na TV ou nos jornais. Talvez que
a tentação natural de adivinhar o futuro.
A vida deu mais
voltas e tive o especial privilégio de fazer parte das equipas que levavam a
casa dos portugueses essas previsões.
Primeiro desenhadas
a giz num quadro verde onde o mapa estava impresso, depois com outras inovações
técnicas de aspecto e forma. Ainda por aqui tenho o que sobrou depois de se
deixar de usar o quadro com magnetes, muito mais rápido de preparar para ir
para o ar.
Mas, e se de todo
este meu interesse e atenção sobrou algo, foi a simpatia de quem nos contava
afavelmente aquilo que antevia para o dia seguinte, com as explicações fáceis do
porquê o prever.
Um deles, entre
muitos, Anthímio de Azevedo. Científico, preciso, mas claro e sempre de bom
humor, mesmo quando as coisas não corriam bem (e muitas vezes assim foi).
Há uns dias (e já
não me lembrava dele há anos e só por falta de motivo para tal) recordaram-mo
de um modo insólito.
Procuro eu um
livro de banda desenhada da colecção “Falcão” para ofertar. A particularidade é
ter que contar uma história do Major Alvega. Talvez que os mais antigos se
recordem desse piloto-aviador luso-britânico que tinha as aventuras mais rocambolescas
mas quase verosímeis aos comandos de um Spitfire contra os aviões dos maus
nazis. E o que lhe acontecia em terra, caso fosse abatido atrás das linhas
inimigas.
Lá na minha rua,
era eu puto, era o nosso herói. E fizemos luto no dia em que saiu um número da
revista contando como tinha ele morrido. Doeu-nos!
Creio que perdemos
boa parte da nossa ingenuidade quando, semanas depois, saiu mais uma revista
com uma história nova.
Em qualquer dos
casos, soube por um alfarrabista que quem traduziu os textos e baptizou o herói
foi Anthímio de Azevedo que, ao que parece, também fazia trabalhos de tradução.
A personagem
original, Inglês, tinha o nome de Batller Briton. Muito pouco vendável em
terras lusas.
Havendo que o
nomear mais de acordo com o nosso público, foi escolhido o nome de Jaime
Eduardo de Cook e Alvega. “Cook” dá-lhe o toque britânico. Dos dois primeiros
nem desconfio o porquê. O engraçado é que “Alvega” foi escolhido por ser a
terra natal do tradutor, Anthímio de Azevedo.
Fica um pequeno
detalhe de um tempo que não se refere a nuvens mas que andava bem lá por cima nos
céus.
Como estará agora,
talvez, Anthímio de Azevedo.
By me
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