terça-feira, 18 de novembro de 2014

Está tudo bem



No trajecto entre a estação de Alvalade e a estação do Rossio, de metropolitano, foi a composição atravessada de ponta a ponta por pedintes cegos. Cinco, um dos quais, na verdade, eram dois: um homem na frente, uma mulher atrás guiada pelo seu ombro.
Em duas das saídas para a superfície, no Rossio, dois outros, igualmente cegos.
De comum a todos o acto de pedir uma esmola em dia de chuva, a cana branca na mão e o ar contristado daqueles por quem eles passavam, numa carruagem já quase a abarrotar.

Está tudo bem, não está?
Está tudo a ficar melhor, dirão os ministros alarpadados em gabinetes cuja decoração vendida a retalho daria de comer durante uns anos a muitos mais do que os que vi hoje.


By me

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