segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O comboio



Aqueles que estão ligados à educação infantil e pré-primária sabem bem melhor que eu aquilo de que falo:
A representação gráfica da criança passa bem mais por ícones do que vê, sente e imagina que por uma representação exacta da luz, cor e volumes.
A transformação dos “gatafunhos informes” para a representação “fiel” com escalas, perspectivas e “correcção” dos traços é algo que vai sucedendo aos poucos, em parte fruto do hábito do que vai vendo feito por outros, em parte fruto da receptividade que vai tendo de terceiros ao que vai fazendo.
É uma aprendizagem moldada numa cultura visual em que a geometria Euclidiana impera e onde o fac símile “é vital”.
A fotografia, enquanto sistema pré-programado de representação, fiel a uma geometria e reprodução de cores e luzes, bem como a sua rectangularidade, será o expoente máximo desse moldar cultural, em que largá-lo é das coisas mais difíceis de fazer.
Não tenho nem conhecimentos de pedagogia infantil nem oportunidade para o fazer. Mas bem que gostaria de ir aprender com os pequenotes o como fazer fotografia, bem para além de tudo o que a nossa cultura nos impõe, explorando bem mais os sentimentos implícitos que as formas e geometrias explícitas.


“Olha, é o comboio!”, disse-me o petiz sorridente, ainda não estreante da primeira classe, mostrando-me esta imagem feita com a câmara que lhe havia cedido.

By me and Rui 


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