Eu
não gosto de números!
Sei
que os números são o resultado da civilização e que é devido a eles que temos
todas as “maravilhas” da técnica actual. Também sei que trabalhar com números,
em princípio, é um óptimo método para desenvolver os raciocínios lógicos. Ou
outros.
Os
números definem qualidades e quantidades – arroz, cimento, energia. E definem,
ou quantificam, áreas e valores. E quantificam o ser humano e o seu trabalho –
o dinheiro e o valor da actividade de cada um. Aliás, quantificam mesmo pedaços
do ser humano: Quanto vale um braço ou um olho num acidente de viação ou
trabalho.
Mas
são esses mesmos números, ou quem com eles trabalha e sobre eles decide, que
convencionam o volume do estômago de um pedreiro como menor que o de um
engenheiro, pelo que necessita de menor quantidade por tempo de trabalho para o
encher. Ou que o olho de um pedinte é bem menos valioso que o de um ministro,
em caso de sinistro e compensações.
Aliás,
na sociedade em que vivemos, é bem mais importante apresentar um número,
inscrito num qualquer cartão identificativo, que dizer o nome do seu portador.
Que, para empresas e organizações estatais, mais que pessoas, somos números,
quantificados, classificados, estatiticados.
Mas
os números não quantificam ou avaliam aquilo a que, realmente, dou valor: sentimentos
e emoções!
Quanto
pesa uma tristeza? Qual o comprimento de uma paixão? Qual o volume da alegria
de viver? Qual o valor da satisfação de criar? Que profundidade tem uma dor?
Não!
Os números não me satisfazem nem respondem às minhas perguntas! Donde, pouca
importância lhes dou, quer se trate de valores absolutos ou relativos.
Vem
toda esta conversa a propósito de uma notícia sobre números: espaço, tempo e
espaço/tempo.
Falava
ela sobre quanto tempo estão os semáforos para peões com cor verde em Portugal.
E definia velocidades de andamento para peões em metros por segundo. E que a
velocidade prevista nos semáforos para o andamento de peões é muito mais rápida
que a recomendada. Em resumo: que os semáforos não dão tempo para os peões atravessarem
as ruas em segurança, obrigando-os a correrem, a ficarem parados na faixa
central ou ainda a ignorarem as cores exibidas, com o risco que isso implica.
É-me
indiferente qual a velocidade, em metros por segundo, prevista para atravessar
uma rua sem ser atropelado. É que nem desconfio que velocidade tenho quando
atravesso uma avenida numa noite de luar e de mão dada com uma namorada para a
levar a casa. Mas é francamente mais lenta que quando atravesso a mesma avenida
em noite de tempestade, quando a vou buscar para jantar.
Em
qualquer dos casos, quero poder fazê-lo em segurança!
E
não o posso fazer na esmagadora maioria das avenidas da cidade de Lisboa!
Mas,
garantidamente que uma avozinha, com o netinho pela mão, o pode fazer sem
sobressaltos a qualquer hora e em qualquer rua ou avenida da capital da
Catalunha. Que, por muito larga que seja, os automóveis têm o sinal vermelho o
tempo suficiente para que qualquer cidadão, seja qual for a sua condição
física, poder cruzar à sua frente de um lado para o outro da rua.
Podemos
falar em velocidades, valores absolutos ou percentagens! Do que eu sei, em 100%
das ruas de Barcelona posso atravessar em segurança toda a rua. E, do pouco que
os números me interessam, este é um deles!
Aliás
isto é tão verdade, que dá tempo para, sem grandes preocupações, parar a meio
de uma das suas principais avenidas para a fotografar. Para os dois lados!
A
que horas sai o próximo transporte que percorra, rapidamente, a distância entre
Lisboa e Barcelona? Eis outro número que me interessa.
Já
o de regresso nem tanto.
By me
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