terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A roupa



Zonas há, de qualificação “superior”, em que é interdito o colocar objectos nas janelas. Mesmo aparelhos de ar condicionado têm que estar escondidos.
Esta norma dos condomínios inclui o estender da roupa a secar.
Claro que este impedimento obriga a possuir máquinas de secar roupa, com o que isso implica de consumo energético. Suportado pelo utilizador e por todos nós, já que do ponto de viste ecológico, nada tem de barato.
Por mim, sou radicalmente contra isso!
Por um lado, a questão arquitectónica nada tem de polémica: depois de feito e entregue ao cliente, o edifício pertence ao seu proprietário e utilizadores. O urbanismo de autor ou de secretária não se pode sobrepor à utilização e evolução que os cidadãos dão ao que é seu.
Por outro, muito naturalmente, a questão ecológica. Mesmo que com energias alternativas e renováveis, as torres eólicas ou as barragens transfiguram a superfície e os ecossistemas.
Por fim, a questão pessoal: gosto de ver as roupas a secar (ou corar) ao sol. Dão brilho e cor às fachadas, dão vida ao frio das vidraças e ao neutro dos betões e fazem transbordar para o exterior as vidas pessoais.
Em tempos, as roupas só eram lavadas às segundas-feiras. Que o domingo era dia da família e da missa e não se faziam estas coisas. As mulheres, trabalhando em casa, dedicavam o dia seguinte a tal actividade.
Hoje as roupas são lavadas quando possível, quando os dias de folga que já não coincidem com o domingo permitem e o São Pedro dá um ar da sua graça e ajuda a secar roupa. De cama, de banho, mesa ou de trabalho.

Acresce-se que o lavar e estender roupa a secar já não é actividade exclusivamente feminina. Quem se passeie por bairros não “finos” verá homens e mulheres, de todas as cores e idades, a fazer o que há de mais natural: cuidar do ninho.

By me 

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