Leio
um artigo engraçado.
Aparentemente
existe um diferendo entre uns serviços municipais e a ordem dos engenheiros, já
que esta detectou existirem naquela pessoas que usam o título de “engenheiro”
sem estarem inscritas na ordem.
Acrescenta
ainda que se trata de uma “usurpação de funções”.
Por
seu lado, a entidade municipal afirma que “não tem autoridade para desfazer
usos sociais respeitosos”.
Pergunto-me,
no meio desta discussão quase fútil, se é mais importante a posse de um título
se a competência para desempenhar as funções. Tal como me pergunto sobre o
tamanho do ego de quem assim se faz tratar.
E
pergunto também se tratar alguém por um título académico ou funcional, como
Dr., Eng., Arq., Ministro, Director, Meritíssimo, demonstra mais respeito pelo
assim intitulado que pelos clássicos e igualitários Sr. e Srª.?
Como
se ter um título académico tornasse alguém mais importante…
E
recordo uma pequena história, já com uns anitos valentes:
Encontrava-me
com os alunos a montar equipamento técnico num local que não a escola para a
realização de um evento académico importante. O meu papel era, para além de ter
feito a definição técnica das necessidades, o supervisionar o que ia sendo
feito por eles, intervindo onde e se necessário, corrigindo algum erro ou
acrescentando conhecimentos onde faltassem.
Tudo
corria pelo melhor quando uma senhora, que para além do cargo honorífico que
ocupava tinha, ao que sei, um doutoramento no currículo, me veio confrontar com
um eventual comportamento menos correcto por parte da “maralha”.
Discordei
de tal opinião e defendi quem lá estava. Com o vigor de saber que eram os
“meus” e que neles não se toca impunemente.
O
interessante foi a conversa ter divergido, a dada altura, dos comportamentos
para os títulos. Insistia ela em me tratar por Dr., e insistia eu que não o
era, já que não tinha sequer frequência universitária, quanto mais um
doutoramento.
Este
esgrimir de posições travestido de conversa polida e educada (recordo ter sido
das poucas ocasiões na vida em que usei fato e gravata) durou uns minutos.
Poucos.
Claro
que venci o “embate”. Não sei se por ela ter percebido da injustiça das
acusações e da minha posição firme a esse respeito se por ter entendido que o
mero facto de possuir um título académico e uma posição honorífica não era
suficiente para ter razão. E lá se afastou com o cabelo armado e pintado que
ela usava para lhe acrescentar uns centímetros extra que não possuía a abanar
qual cauda de cavalo.
Tenho
para mim que somos iguais por toda a eternidade que foi e será. O que nos
diferencia neste interregno a que chamados de ”vida” são actos e pensamentos.
Que
títulos e diplomas se compram, a peso, na universidade da esquina.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário