Sabemos
que viver na urbe implica avaliações e concessões. Em particular no que
respeita ao partilhar a via pública entre peões e automóveis: os passeios são
para os peões, o asfalto para os carros.
Zonas
mistas são as passadeiras.
Nestas
prevê-se que o peão tenha a prioridade, devendo o automóvel parar.
Por
mim, não levo isto à letra.
Se
tenho tempo, ou vejo vir dois ou três carros e nenhum atrás, afasto-me da beira
do passeio e deixo os carros passarem. É bem mais fácil para mim esperar uns míseros
cinco ou dez segundos que para os carros pararem.
Mas
tenho também um outro hábito: em parando um carro para que eu passe numa
passadeira e em passando eu à sua frente, faço um aceno de agradecimento. Não
tenho que o fazer, mas sabe-me bem e sei que quem conduz gosta.
Hoje
foi o contrário.
Queria
eu atravessar a rua nesta mesma passadeira. Aproximei-me da sua beira e vejo
que se aproxima uma carrinha com uma grua, daquelas de reparar os candeeiros.
Vinha
rápido e nenhuma outra viatura a seguia.
Dei
dois passos atrás, afastando-me do asfalto e parei.
A
carrinha, que tinha ligeiramente abrandado, acelerou de novo, passando.
E
à passagem, o motorista, velhote e careca, acenou-me com um gesto largo de
agradecimento.
É
bom ver que não ando por aí sozinho na cidade.
By me
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