sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O regresso a casa



O regresso a casa foi realmente penoso.
Até eu, que conheço bem o trajecto do trabalho para casa, estava com dificuldade em reconhecer a estrada. Imagine-se o motorista que não a conhecia.
O nevoeiro era de tal forma cerrado que, a certa altura, tive que pedir ao motorista para se encostar aos carros estacionados na rua para que eu visse se estávamos no caminho certo pelo que conseguia vislumbrar da aparência dos prédios e tipos de candeeiros.
Foi penoso.
Mas, e apesar disso ou por causa disso, não consegui não me lembrar de uma historieta, velha de muitos anos.

Aquele fulano conduzia um carro, de noite, numa estrada que não conhecia e sem iluminação, com um nevoeiro tão denso, mas tão denso, que conduzia com a cabeça de fora, na tentativa de ver o tracejado da estrada. O ponteiro do velocímetro quase que nem mexia, de tão denso que era.
A dado passo foi ultrapassado por alguém que ía bem rápido. Talvez que a 20km/h. O que, considerando a quase total ausência de visibilidade era notável.
E pensou o fulano que, se se colasse aos faróis traseiros daquele outro, sempre perceberia qual o trajecto. E cedo ou tarde haveriam de passar por uma povoação ou bomba de gasolina, onde ele encostaria à espera de poder seguir mas sem o risco de um outro lhe acertar.
Andaram assim, coladinhos, alguns quilómetros até que o da frente pára de súbito. Tão de súbito que o de trás lhe bate. Melhor: lhe toca, que a velocidade era mínima.
Saem os dois a ver dos estragos e comenta o de trás:
“Então você pára assim, sem avisar, sem ao menos fazer pisca?”
Ao que o outro responde:
“Avisar? Fazer pisca? Na minha garagem?!”


Hoje foi um regresso a casa bem penoso!

By me

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