Tratava-se
de uma daquelas lojas a que chamo de “inutilidades”.
Não
havia nenhum motivo especial para espreitar pela montra, mas uma caixas/malas
existentes no interior aguçaram-me o apetite: talvez que fosse uma delas a
solução para ter arrumados os meus aparelhos de medida de luz. Não eram, pese
embora serem bonitas.
Mas,
já que ali estava, dei uma olhada pelo resto da existência que, neste tipo de
loja, por vezes, encontram-se coisas bem interessantes. E fui dando uns dedos
de conversa com a empregada. Pelo que percebi, também ela desejosa de
conversar, que o negócio está fraco.
Até
que dou com o aviso de terem o “livro dos elogios”, mesmo ao lado do aviso do “livro
de reclamações”. Já conhecia a ideia, de uma reportagem televisiva, e pedi-lhe
para fotografar a capa. O que ela, simpaticamente, acedeu.
Ali
estive um nico, a tentar encontrar um enquadramento que me satisfizesse. Quando
guardei a câmara no bolso perguntou-me ela, que tinha estado a observar a função:
“Então?
Conseguiu?”
Não
tinha eu feito nenhum negócio, pelo que não tinha motivo para usar o dito
livro. Mas, mesmo que tivesse, qualquer vontade de o fazer se diluiria ao ser
posta em causa a minha capacidade em fazer o diacho da fotografia.
Indo
um pouquinho mais longe: tinha ela estado preocupada, e tentado ajudar-me com o
posicionamento do livro. Explicava ela que a sua capa brilhante reflectiria as
luzes do tecto. Talvez que, na sua boa-vontade, não saiba que mostrar esses
reflexos aparentemente incómodos é uma forma de mostrar a matéria de que é
feita a capa. Na sua ausência, ficar-se-ia sem saber se seria brilhante se
mate. Da mesma forma que aquele “clip” no topo, que ela gentilmente quis
retirar para o “boneco” lhe atribui uma indicação de escala. Tal como o ar dela
meio estranho ao ver o que lhe mostrei, com a capa não inteira, me deu a
entender que, do seu ponto de vista, o ideal teria sido eu ter usado de um
scanner, mantendo integral a geometria do livro. Claro que se perderia por
completo a perspectiva de proximidade e o mostrar que estivera ele, o livro,
nas minhas mãos ou lá perto.
Não
será esta uma fotografia convencional. E a minha dificuldade foi conseguir
colocar num formato horizontal aquilo que é vertical. E não será, certamente,
uma imagem digna de um qualquer prémio ou publicação em livro de honra.
Mas,
que raio: eu não queria fazer uma imagem para um qualquer catálogo. E um qualquer
estranho perguntar-me se consegui fazer a fotografia deixa-me pouco satisfeito.
By me
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