sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Namorados



No meu projecto “Oldfashion” tive diversas surpresas. Umas agradáveis e que me conduziram a outros caminhos. Outras nem tanto, mas que também foram proveitosas.
Talvez que a maior de todas tenha primado pela ausência. Refiro-me ao espírito do dia de hoje.
Aquilo com que contava ter mais ou menos em abundância era situações em que namorados quisessem ser fotografados. Porque o eram ou em nome de velhos tempos.
Assim não aconteceu.
O registo para a posteridade (ou para mais tarde recordar) de um namoro, de um sentimento tão intenso como o amor, já não é registado nos jardins. Aliás, é cada vez mais raro ver namorados, a fazerem os que fazem os namorados, em espaços públicos.
Por outro lado, o fotografar esse estado afectivo já não é algo de especial. Todos possuem uma câmara, seja de que qualidade for. E senão for dos próprios, há sempre um amigo que faz o registo.
Acrescente-se o factor mais triste: os namoros hoje são mais efémeros, sem prazo ou compromisso. E uma fotografia, pública ainda para mais, é um assumir uma relação.
Mas aconteceram, as fotografias de namorados. Umas feitas com o meu artefacto, outras de um modo mais convencional.
Algumas particularmente ternurentas, pelas atitudes ou história envolvida. De todas retenho na memória (e em apontamentos de caneta ou luz) a melhor das recordações, mesmo que disso não possa (ou deva) dar testemunho:
Desta, intensa como poucas, sei um pouco mais: o prólogo, o desenvolvimento e o epílogo. E irrepetível, como todas as fotografias da vida.

Que os namoros e amores se constroem devagarinho, todos os dias, como todas as coisas boas da vida.

By me 

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