Lamento
dizer mas, mesmo para o projecto “Oldfashion” há rotinas! Há rotinas nas
abordagens, há rotinas nas poses, há rotinas nas réplicas e há rotinas nas
graçolas que vou dizendo.
Nenhuma
delas foi prevista ou inventada de propósito. Antes pelo contrário, foram
surgindo à medida que tenho que ir lidando com quem me aborda. E foram ficando,
em uso de acordo com os presentes, idades, géneros, aspectos e disposições.
Desta
vez saiu-me na rifa um cavalheiro particularmente bem disposto, daqueles de
fazerem a festa, largarem os foguetes e apanharem as canas. Quis mesmo fazer de
“angariador”, tentando convencer passantes a fazerem-se fotografar como ele
mesmo tinha sido.
Convencida
da coisa foi uma senhora, com o seu filho. Conversa vai, conversa vem com ela,
tive que admitir que a minha câmara era daquelas de “meter os cornos debaixo do
pano”, à semelhança de uma que seu pai tinha tido. Fica a frase na memória,
para uso especial e apropriado.
No
final, aquando do momento mágico de retirar a imagem e mostra-la, tenho uma
outra frase feita, que uso volta e meia:
“Se
não gostar não leva, combinado?”
É
mesmo só uma graçola, já que tal só me aconteceu uma vez e ainda não usava
semelhante dito. Mas desta vez repetiu-se!
Não
gostou, de todo, do que viu! E, “armando-se ao pingarelho” como se dizia em
tempos de antanho, criticou a definição e o foco!
Balelas!
Tretas! Desculpas de mau pagador! O que não gostou mesmo foi do seu sorriso!
É
que, apesar dos seus trinta e picos anos, a vida que presumo que tenha levado e
aquilo que suponho que tenha vindo a consumir transformou-lhe o semblante em
algo parecido com uns sessenta anos bem medidos, com todas as rugas associadas.
Espero que o filho nada tenha herdado aquando do parto.
Mas
se estava dito, estava dito e, escondendo no bolso a foto, entretanto
recuperada, lá voltei a “meter os cornos debaixo do pano” e a fazer outra
fotografia. Desta vez sem provocar o sorriso habitual, mantendo apenas uma
ligação visual e verbal para com o pimpolho.
E,
desta feita, já gostou do que lhe mostrei, ainda que nada tivesse eu alterado:
técnicas de impressão ou de focagem, que funcionam em automático.
E
foram-se, rindo e partilhando a foto, mãe e filho.
Quanto
à primeira foto, fica nos meus arquivos, na secção de “gente”, escondida de
olhares estranhos em respeito ao seu pedido.
E
continuarei a usar das minhas tiradas, agora enriquecidas com uma especial,
reservada para público que a entenda e aceite. E a “colocar os cornos debaixo
do pano”!
Imagem:
me by Rui Palha, 2007
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