Nos céus do meu
bairro vejo dois aviões da força aérea evoluindo em manobras conjuntas.
O ruído dos seus
potentes motores ecoa nas paredes circundantes e no telhado da estação. Os mais
que aqui estão sorriem, talvez que satisfeitos por saber que os nossos pilotos
militares estão treinados para as missões que lhes sejam atribuídas.
Excepto aquele
homem, tão bem ou tão mal vestido quanto eu, que também levantara o olhar,
deixando de contar as poucas moedas que extraíra do bolso. O seu olhar nada
tinha de sorridente. Nem o meu.
Que tentei fazer
contas mas não soube como a quantos homens e mulheres não estariam tão tristes
se aqueles motores não estivessem a trabalhar e o seu custo fosse distribuído
pelas suas mesas.
Não tive coragem
de fotografar os aviões. Muito menos o homem, no seu recolhimento. Também
ignoro quanto teria na mão, que eram poucas as moedas.
Fiquei-me pelo
banco perto do dele, por mero acaso verde, que sei que não atraiçoará ninguém
nem provocará pânico entre os que vivem da desgraça alheia.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário