Foi
há já uns anitos: Estive numa das exposições que mais me marcaram, pese embora
não tenha visto coisa alguma.
Tratou-se
de uma exposição de fotografias para cegos, que decorreu no Museu do Regimento
de Sapadores Bombeiros, em Lisboa.
Impressas
em relevo, estavam acompanhadas de uma breve explicação em braile e em paralelo
com as fotografias “normais” e o mesmo texto escrito “normalmente”.
Os
visitantes dotados de visão eram convidados a colocar uma venda e percorrem a
exposição vendo aquelas imagens como os cegos as “vêem”: com a ponta dos dedos.
Assombroso!
Para mim, ligado desde sempre à produção e consumo de imagem visual, foi das
experiências mais elucidativas que vivi neste campo. E entendo que todos os
profissionais da imagem e da comunicação (ou candidatos a tal) deveriam ser
obrigados a passar por tal. Para que entendam na pele e na ponta dos dedos o
que é não aceder àquilo que produzimos.
Único
e inolvidável!
A
exposição integrou a iniciativa “Sentidos sem barreiras”, organizada pelo
Oculista das Avenidas e a Câmara Municipal de Lisboa em parceria com a Associação
dos Cegos e Amblíopes de Portugal.
A
mesma câmara municipal que agora pretende demolir o museu e quartel, vendendo o
terreno que é fortemente cobiçado pelo hospital que lhe é contíguo. Mas que não
informa se pretende substituir e onde aquela infra-estrutura de socorro às
populações e de conservação da história da cidade.
Mas
suponho que seja bem mais importante o aumento da capacidade de um hospital
privado que a prontidão e capacidade de socorro de uma corporação de bombeiros.
Nota
extra:
Juro
que me é muito difícil pedir a um cego que me deixe fotografá-lo. Ou, bem pior,
fazê-lo sem que o saiba. Que fazer a uma pessoa algo que ela não sabe nem saberá
o que é…
By me
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