Esta
não é uma fotografia fofinha! Mas toca-me fundo na memória, já que foi uma “primeira
vez”:
Foi
por causa desta porta que, pela primeira vez, andei a fugir à polícia depois da
revolução, por via de fotografias.
Estava-se
nos finais dos anos setenta e decorria naquele dia um conjunto de greves e
manifestações.
Decidi
eu ir fotografar o que se passava em frente ao meu sindicato. Não contava com o
que me esperava: um cordão policial cercava o edifico, a meio de um quarteirão,
e ninguém se podia aproximar.
De
longe ainda fiz algumas fotografias (que tenho por aí no arquivo, não sei
onde), mas o chefe do destacamento não gostou e quis deter-me, mandando alguns
agentes no meu encalço. Apercebi-me e afastei-me p’lo jardim, numa espécie de
jogo do gato e do rato, que eles pareciam não querer fazer grande alarido com a
coisa.
Safei-me
de mais “incómodos” por ter subido a bordo de um eléctrico, em andamento. Eles
não quiseram “agarrar-me” lá dentro.
Foi
a primeira.
O
sindicato já não é aqui e a polícia já não cerca sindicatos.
De
então para cá, tenho tido a minha quota-parte de situações equivalentes, com
algumas detenções inconsequentes e sem se chegar a confrontos físicos. Mas
algum medo p’lo caminho, isso garanto.
Esta
não é uma fotografia fofinha. Mas recordar a “primeira” tem sempre o seu quê de
fôfura.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário