sexta-feira, 18 de julho de 2014

Encontros



A alegria estampada naquelas caras era genuína.
Após todos aqueles anos de separação, o re-encontro era uma feliz coincidência.
Haviam passado, muito tempo antes, alguns anos de trabalho em conjunto, tempos divertidos, ombreando alegrias e tristezas, com maiores ou menores dificuldades.
Mas os cursos da vida tinham tomado os seus rumos e se um havia optado por outras paragens e actividades, o outro havia-se mantido a trabalhar no mesmo lugar. O primeiro passara a vender a maquinaria com que o segundo trabalhava.
Após o cumprimento fraterno e evocativo de outros tempos, o saber da actualidade de cada um, com perguntas e respostas de parte a parte.
“E tu, que fazes aqui?”
A alegria apagou-se-lhe de repente do olhar.
“Venho apresentar aqui, a pedido, uns robots automáticos…”
Sabiam os dois que esses robots, sendo o ganha-pão de um, seriam o matar do ganha-pão do outro.
Mas o ser humano é o que é e a alegria do re-encontro sobrepôs-se, naquele entreacto, à tristeza da destruição de postos de trabalho, talvez que de um deles. E a conversa seguiu, com a aparente inocuidade que ambos desejavam.


Quando nos separámos ainda sorriamos, mas não por muito tempo.

By me 

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