A
alegria estampada naquelas caras era genuína.
Após
todos aqueles anos de separação, o re-encontro era uma feliz coincidência.
Haviam
passado, muito tempo antes, alguns anos de trabalho em conjunto, tempos divertidos,
ombreando alegrias e tristezas, com maiores ou menores dificuldades.
Mas
os cursos da vida tinham tomado os seus rumos e se um havia optado por outras
paragens e actividades, o outro havia-se mantido a trabalhar no mesmo lugar. O
primeiro passara a vender a maquinaria com que o segundo trabalhava.
Após
o cumprimento fraterno e evocativo de outros tempos, o saber da actualidade de
cada um, com perguntas e respostas de parte a parte.
“E
tu, que fazes aqui?”
A
alegria apagou-se-lhe de repente do olhar.
“Venho
apresentar aqui, a pedido, uns robots automáticos…”
Sabiam
os dois que esses robots, sendo o ganha-pão de um, seriam o matar do ganha-pão
do outro.
Mas
o ser humano é o que é e a alegria do re-encontro sobrepôs-se, naquele
entreacto, à tristeza da destruição de postos de trabalho, talvez que de um
deles. E a conversa seguiu, com a aparente inocuidade que ambos desejavam.
Quando
nos separámos ainda sorriamos, mas não por muito tempo.
By me
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