A questão é
francamente mais abrangente que os despedimentos.
Cento e quarenta
despedimentos, num processo colectivo é mau. Muito mau.
São cento e
quarenta pessoas, cento e quarenta famílias abrangidas, o casal e os
dependentes.
São cento e
quarenta pessoas que perdem o sustento fruto do seu trabalho e que vão passar a
depender de subsídios. Que pagamos nós. O lucro de uma empresa fica, assim, baseado
no empobrecimento directo de cento e quarenta pessoas e, indirectamente, das
contribuições de todos nós.
Mas algo de muito
mais grave nos toca a todos e que vai bem para além do dinheiro – contribuições
ou subsídios.
Com este
emagrecimentos de profissionais, fica a informação que os restantes produzem
muito mais pobre. Pobre porque menos pessoas vão passar a fazer mais trabalho, com
o consequente empobrecimento qualitativo. Pobre porque a redução de gente por área
geográfica coberta é muito maior. Pobre porque a redução nas áreas temáticas,
como a cultura, reduzirá a quantidade e qualidade de tratamento dos temas.
E com o
empobrecimento da informação disponível, ficamos todos muito mais pobres.
Para que a
democracia se exerça em consciência e liberdade, é vital que os cidadãos
conheçam o que se passa. Para que intervenham, para que escolham, para que
exerçam o seu direito e dever de cidadania.
Com uma comunicação
social limitada na quantidade de temas abordados e na profundidade com que são
tratados, esse conhecimento vital para os cidadãos perde-se. Ou, bem pior, pode
ser objecto de manipulações fáceis de agentes pouco escrupulosos.
Quando vemos o
reduzir para além do limite a comunicação social – diversos órgãos de comunicação
social e em diversos suportes – estamos a deixar extinguir a chama vital da
democracia: a escolha ou opção consciente do cidadão.
Quantos estiveram
hoje em frente ao Diário de Notícias em Lisboa? Quantos para além dos directamente
afectados com despedimento?
Poucos! Muito
poucos. Demasiadamente poucos!
Que quando não
olhamos para além do nosso próprio umbigo, que quando não entendemos as abrangências
para além da superfície, quando não nos movimentamos por algo que não seja
rigorosamente nós mesmos, estamos a deixar cair, para além do óbvio, o futuro.
O nosso futuro! O
vosso futuro!
Bom proveito!
By me
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