sábado, 5 de julho de 2014

Eu, a chávena e...



As regras ou normas em estética são tão absurdas quanto um elefante de mau humor numa loja de porcelana. A estética é uma questão de gosto e cada um tem o seu. Ponto final.
Claro que há o “gosto colectivo”, aquilo que a maioria das pessoas gostam. Ou foram ensinadas a gostar, pela cultura, pelos hábitos, pelo academismo.
E quando algo se enquadra nesses conceitos de grupo, diz-se que é bom.
No entanto, tenho para mim que, e para além das questões estéticas, há algo mais que importa: comunicar.
Se quando produzo um texto, um filme, um quadro, uma fotografia, e pretendo comunicar com terceiros, não posso limitar-me a fazer aquilo de que gosto. Tenho que ir ao encontro dos gostos colectivos. Ou a mensagem incluída não passará.
Claro que posso sempre optar por fugir dessas normas ou códigos de comunicação e tentar que o que tenho para dizer se faça ouvir por ser diferente, por não respeitar normas e cânones e, pela diferença ou surpresa, atingir o meu objectivo.
Dir-se-á que a “arte” passa por aqui.
Mas aqueles que não têm por ambição ser artistas, ou que têm por missão a comunicação rápida e sem segundas interpretações, precisam de usar os códigos e linguagens existentes para que do emissor chegue ao receptor.

Eis como, com dois enquadramentos (colocar dentro do “quadro”) ligeiramente diferentes, se contam histórias ou estórias diferentes. Não porque algo de diferente esteja a acontecer mas porque se usaram códigos diferentes numa mesma circunstância.
Se num caso a estória está toda contada – eu e um café num balcão de vidro – já no outro caso a estória é outra, querendo nós saber o que está para além da chávena e do balcão.
Uma imagem “fechada” e uma imagem “aberta”, se assim se pode dizer.
Uma imagem compostinha, convencional, seguindo os cânones, e uma imagem inquietante, incompleta, quebrando as regras.
Uma imagem que pouco nos conta mas que satisfaz e uma imagem que incomoda e nos leva a querer saber mais.
Uma imagem clássica, de jornal ou escola, e uma imagem rebelde, rapidamente rejeitada por editores ou profs académicos.

Qual a melhor?
Depende sempre de quanto nós quisermos deixar ou não algo à imaginação de quem a vê. E de quanto quisermos “incomodar” quem a vê.
Qual a que recomendo?

Ambas, dependendo sempre daquilo que queremos que aconteça. Mas é importante que queiramos que aconteça algo!

By me

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