São tempos
diferentes, estes que vivemos agora. Não apenas difíceis como levando a
comportamentos incomuns.
Jantei em Lisboa.
E, por uma vez, naquele restaurante onde sou tratado como que da casa,
sentei-me junto ao televisor.
Costuma estar
sintonizado num canal de desporto, sem som, não incomodando ninguém que o não
queira. Mas os tempos são outros e, mesmo que ali a rede de net seja nula, foi
onde acabei por ficar.
Mas fui bem mais
longe, nesta minha quebra de rotinas, regras e gostos: pedi à dona do local que
sintonizasse na RTP e que subisse um nico o som. Quanto bastasse para que,
àquela curta distância, pudesse eu ouvir o discurso de PPC. Não apenas acedeu
como me pediu que, à saída, lhe contasse o que diria ele, que ela andava, naturalmente,
às voltas com as mesas.
Foi um triste
jantar: a ver TV, a ouvir aquela figura e, ainda por cima, tendo dito o que
disse.
Mas os tempos não
são normais e as excepções acontecem.
Dali rumei para o
centro da cidade, para tomar o comboio que me levaria a casa.
Ao entrar este no
Marquês, vejo a maralha reunida na placa central e a chegada das carrinhas
policiais, com o respectivo desembarque e tomadas de posição.
“Olha!”, pensei,
“Afinal, e apesar do discurso, sempre haverá aqui, senão festejo, pelo menos
protesto.”
E dirigi-me ao
motorista:
“Eu sei que aqui
não é paragem. Mas estando o sinal fechado, será que me poderia deixar sair
aqui?”
“Olhe para ele ali.”,
acenando com a cabeça para um dos agentes da PSP. “E porque é que não ficou na
paragem ali atrás?”
“Bem! Ali a trás,
na paragem, não me apercebi que estava aqui o pessoal a protestar, senão tinha
saído. Assim, vou ter que sair na outra e subir isto à pata.”
“Ah, é para se
juntar a eles! Então espere lá, que no próximo semáforo já sai. E faça lá o
barulho por mim, que com isto nas mãos não posso ir.”
E assim foi.
Como digo, os
tempos não estão normais!
Já lá no meio, e
depois de feito parte do meu papel de cidadão a protestar, de ter cirandado e
aproveitado os últimos vestígios de sol, eis que vejo duas senhoras.
Havia-as conhecido
umas horas antes, numa estação de comboios. De uns quarenta anos, Finlandesas,
tinha-as ajudado a orientarem-se na cidade, porque em turismo. O Inglês foi a
nossa ponte, que a mocinha a quem tinham pedido ajuda não se desenrascava.
E, depois de lhes
dar as indicações de que careciam, ficámos um nico à conversa, ocasião que
aproveitei para lhes falar dos tempos conturbados que por cá se vivem e que, se
quisessem acompanhar a “acção” lusa, caso o discurso do primeiro-ministro fosse
como se esperava, então o local seria o Marquês de Pombal.
Pois não é que
foram?
Os tempos são de
excepção e necessitam de atitudes menos normais. Sejam quais forem as línguas
empregues ou as regras que se infrinjam.
Que, e como me
disse um Mestre, há muitos, muitos anos, “As regras existem para se quebrarem”!
By me
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