Há muitos anos, e
por motivos que aqui não adianta explicitar, tive que arrombar uma porta. Não
havia como a transpor e quem tinha poder para tal pediu-me que o fizesse.
Experiência nova p’ra
mim, decidi fazer como nos filmes: entesei os músculos, ombro e braço, e atirei-me
todo inteiro contra o obstáculo. Com toda a força. E, com quase a mesma força
fui ignobilmente devolvido à procedência. Quase como que uma bola de borracha
atirada contra uma parede. E enquanto a porta ficou a rir-se p’ra mim, já o mesmo
se não pode dizer do ombro, que durante dias chorou o eu querer fazer como nos
filmes.
Claro que teimosia
é o meu nome do meio e resolvi aplicar outra técnica, também aprendida nos filmes.
Desta feita, e em vez dos policiais, recorri aos de artes marciais: patada na
madeira. Tive que usar de três ou quatro, mas levei a minha avante: a porta
rachou de alto a baixo, mesmo que a fechadura me tenha ignorado heroicamente.
Temos que
reconhecer que as portas são sólidas, quando não não se justificaria a sua
existência. Bem mais sólidas que costelas e externos de alguns “armários”
armados em parvos. E, nestes casos, ombro e braço funcionam perfeitamente. Foi
o caso!
Por vezes, em
querendo sair do comboio a meio do seu trajecto para mudar de composição, há
sempre algum espertinho que, com a ânsia de querer entrar e encontrar lugar
sentado, nem deixa espaço p’ra que se saia. Excepto se for eu.
Reteso os músculos,
dobro o braço direito e uso de uma técnica que, não sabendo se descrita
algures, funciona: avanço com força, querendo parar uns bons cinquenta centímetros
p’ra lá do peito do meu oponente. Funciona. Garantido que funciona!
Chega-se ele p’ra
trás, e chegam-se os demais espertinhos, que não entendem que se não deixarem
sair não terão espaço p’ra entrarem.
Bonito ou
pacífico? Nem uma nem outra coisa. Mas que é funcional, lá isso é!
E, sendo certo que
há dias em que uso o mesmo comboio e faço transbordo na mesma estação, já há p’lo
menos dois desses exemplares da espécie humana que reconheço e que se afastam p’ra
deixar passar.
By me
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