A minha carreira já
vai longa. Não está perto do fim, mas já vai longa.
Ao longo dela tive
a oportunidade de lidar de perto com uma enorme variedade de gente, desde
aqueles a quem chamam de “mais humildes” aos apelidados de “mais ilustres”.
Clérigos, políticos,
gente das artes e das letras, da ciência e do pensamento, gente que toda a vida
foi e quis ser publica e notória, gente que o foi por um acaso ou por muito
esforço.
De toda essa
gente, de todos esses momentos, um há que não esquecerei aconteça o que
acontecer. Um momento em que me senti pequenino, mas pequenino como só naquelas
circunstâncias se pode sentir.
Em frente da minha
objectiva e ao mesmo tempo tive Sebastião Salgado, José Saramago e Chico
Buarque de Hollanda.
Três grandes, três
muito grandes do seu tempo (que também é o meu) três grandes que o são ou foram
por aquilo que fizeram e deixaram aos seus semelhantes: os seres humanos.
É difícil
encontrar um trio de gente maior. E é difícil ter mais orgulho que eu nesse
momento de uma hora de emissão.
Desse momento não
tenho documentos. Tenho uma cassete, já salvaguardada para suporte digital, com
a emissão, mas nada que ateste o eu lá ter estado. Aliás, nem sequer é
importante para mais ninguém. Nem fotografias, nem vídeo, nem áudio, nada. Que,
aliás, para além da minha memória, que interesse poderia ter? Perante uma
qualquer imagem em que eu tivesse tido o arrojo de aparecer junto com eles,
qualquer um perguntaria “Quem será aquele que ali se misturou?”
Hoje oiço alguém
dizer que terá que aproveitar o próximo domingo para fazer uma fotografia com “Fulano”.
Que será a última oportunidade antes de férias e, depois da reentrée, quem sabe
se poderá haver outra oportunidade.
“Fulano” é alguém
do mundo da política, bem-dito por uns, amaldiçoado por outros, como é normal
nesse mundo.
Realmente, essa
pessoa que ouvi falar e eu mesmo frequentamos galáxias diferentes.
By me
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