Foi
há vinte anos. Um amigo convidou-me para integrar o corpo docente de uma escola
profissional a inaugurar, ficando eu encarregue de parte das áreas de
fotografia e captação de imagem vídeo do respectivo curso.
O
convite foi uma surpresa, já que a minha experiência lectiva era nula. Mas os
argumentos que ele me apresentou, junto com um outro amigo e experiente nestas
coisas, bem como a direcção da escola, convenceram-me.
Ainda
hoje lhes agradeço a confiança e o desafio!
Acontece
que, passados uns meses e por motivos pessoais, esse amigo e que coordenava o
curso, teve que demitir-se e partir com outro rumo.
A
escola contactou-me para ocupar o seu lugar mas, muito naturalmente, recusei. A
minha experiência e saber enquanto professor era menor que qualquer outro que
ali trabalhava e não poderia ser eu, o novato, a decidir sobre eles.
Acabaram
por contratar um outro profissional dos audiovisuais, ligado à realização de
cinema.
E
foi aqui que a coisa começou a correr mal!
Este
novo coordenador começou a inflectir a orientação do curso, e seus conteúdos, para
a área do cinema, ficando o vídeo como parente menos que pobre. Equipamentos,
formadores, matérias, tudo foi sendo ajustado ao cinema.
Protestei!
Não
eram aqueles conteúdos e futuro profissional que havíamos prometido aos alunos.
O mercado do vídeo e televisão estava emergente e promissor, enquanto que o do
cinema… bem, este não mudou quase nada nestes vinte anos. E os alunos haviam-se
inscrito para vídeo e uma profissão nele, e não no cinema. Estávamos, de um
modo ou de outro, a aldrabar os alunos.
Protestei,
barafustei, reuni-me, discuti, mas tudo em vão. Tal como foi em vão que ameacei
com o demitir-me. Que não colaboraria eu num embuste àqueles jovens que ali
estavam e acreditavam nas promessas de futuro que lhes fazíamos. Sempre em vão.
Pelo
que cumpri o que ameacei e despedi-me. E, comigo, o meu compincha que, comigo,
havia formado o grupo inicial.
Anos
depois, infelizmente, o Ministério da Educação acabou por mandar encerrar esta
escola. E parte dos alunos que nessa altura a frequentavam vieram fazer parte
da escola onde eu leccionava à data.
Dar
um murro na mesa, final e irrevogável, não pode ser uma mera ameaça.
Mas
eu não sou nem ministro nem tenho ambições de poder político.
By me
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