Fico
assustado quando vejo profissionais da imagem (fotografia, vídeo, cinema,
grafismo…) a aterem-se à regra de ouro para trabalharem.
Ignoram
por completo tudo o mais que se relaciona com a gestão de espaço visual, desde
o equilíbrio às linhas de fuga, dos contrastes dos assuntos aos espaços que os
próprios assuntos reclamam como seus, das relações entre assuntos às relações
destes com o espectador.
Convenhamos
que a regra dos terços, que mais não é que uma corruptela do número de ouro,
faz parte da nossa cultura. Mas não só não é única como nem sequer é universal,
que há culturas ancestrais e em vigor que não a usam.
Se
a estética e a arte dependessem apenas de regras e conceitos absolutos, não
existiriam artistas nem obras-primas: qualquer programa de computador poderia
substituir, com vantagem, o trabalho humano. Sem ensaios, sem tentativa e erro,
sem genialidade.
Surge
este perorar matinal não como desabafo pós-higiénico mas antes como resultado
de duas constatações nos media.
Por
um lado, uma olhada nos canais de televisão nacionais. Caramba! Parece que
desenharam nos visores das câmaras as quatro clássicas linhas, com os quatro
clássicos pontos de intersecção e que quem com isso trabalha nada mais sabe que
usar isso como ponto de mira ao apontar a ferramenta que tem nas mãos.
Por
outro, um artigo que leio num jornal, onde nos relatam, logo no primeiro
parágrafo, “Cientistas estão a discutir se as propriedades das entidades
abstractas, como números, figuras geométricas ou símbolos, e as suas relações, são
uma propriedade do universo ou uma interpretação humana da realidade…”
Quando
a matemática e as regras, puras e duras, se aplicam exaustivamente à
comunicação visual, o conceito “comunicação social” desaparece, para dar lugar
a “estupidificação de massas”!
E,
já agora e para os que aplicam sempre e sempre a regra dos terços, sempre aqui
fica a diferença entre esta e o número de ouro ou a secção dourada. Repare-se
bem nas diferenças!
Que
se querem usar de regras matemáticas, ao menos usem-nas bem.
Imagem
editada a partir de uma outra da net
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