Há
uns anos uma conhecida minha, de origem Israelita, ficou grávida.
Andou
ela preocupadíssima com o nome a dar à criança, um menino.
Ao
que parece, a sua tradição implica certas regras na atribuição de nomes próprios,
desde o ser da família a que pertence até não ser nome de pessoa infame,
passando por ser nome de bom auguro.
Acompanhei
como pude esta questão, tanto mais que todo um oceano nos separava. E aprender
coisas novas, mesmo que tradições, é sempre bom.
No
entanto, fiquei desgostoso com um aspecto que por cá também acontece:
preocupam-se com o nome a atribuir a alguém que chega, mas sem se preocuparem
com se ele ou ela dele gostarão. Impõem-lhe assim como que um carimbo à
nascença, que acompanhará por todo a vida. A menos que….
A
menos que se trate de alguém que, enxertado em corno de cabra como eu, decida
que o seu nome é o que escolhe e não o que lhe foi imposto.
Excepção
feita aos bancos, ao arquivo de identificação e a familiares próximos, todos me
tratam por JC.
Este
acrónimo, que resulta de dois nomes que possuo, surgiu de uma disputa
profissional e política, há muitos, muitos anos atrás. Foi feroz a discussão,
mas acabei por ganhar. E ficou.
Para
além dos referidos acima, só assim não me tratam aqueles que, demasiado
convencionais que são, entendem que eu nada tenho a ver comigo mesmo e que são
eles que se hão-de impor às minhas decisões. Nalguns casos, quando esses assim
me tratam, faço orelhas moucas e ignoro o chamamento. São exactamente aqueles
que faço questão de tratar por você, uma forma coloquial de afastamento e de
recusa de familiaridade.
Convenções,
afectos e desafectos à parte: você usa o nome que quer ou deixa-se levar por
peias impostas ainda antes de ter nascido?
Você
usa da sua liberdade ou aceita ser livre apenas na medida em que os outros
deixam?
By me
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