segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Não se ensina: aprende-se!



Estava eu de passeio aqui no bairro com o meu sobrinho mais novo, que na altura frequentava o primeiro ciclo.
A dado passo pergunta-me ele porque agradecia eu, com um aceno ao chapéu, quando os automobilistas nos davam passagem nas passadeiras de peões.
E lá lhe expliquei que, apesar de termos prioridade, um sorriso e um agradecimento ficam sempre bem, provoca um sorriso em quem conduz e aumenta-lhe a vontade de continuar a dar passagem nas passadeiras.
Não pensei mais na conversa até que algum tempo depois, semanas suponho, em novo passeio o vejo a fazer o mesmo, do alto do seu pouco mais que um metro.
Tocou-me! Tocou-me que o petiz se lembrasse da conversa aquele tempo todo depois e que decidisse seguir o exemplo. E, passados que são uns anos sobre a história, não sei se ainda o repete, mas espero sinceramente que sim. Tenho que o confirmar.
O que acaba por ter graça e ser importante no aprender não é o que aprendemos mas, antes sim, o como aprendemos!
Tendo já passado o meio século de vida tenho, naturalmente, gestos, hábitos, vícios, tão arreigados que nem por eles dou no quotidiano. Nem todos serão os mais edificantes certamente e eu sei-o. Mas, ao fazê-los, nem de tal me lembro.
Pois um destes dias, caminhava eu com alguém quando sou surpreendido por um gesto seu. Feito com tanta naturalidade que mostrava bem que nele não estava a pensar. Mas tão diametralmente oposto à minha atitude nas mesma circunstâncias que me senti envergonhado. Não sei se terei corado, mas envergonhado até ao âmago fiquei!
Sobre o assunto não dissemos palavra. Nem então nem mais tarde. Nem sequer sei se quem comigo estava se terá apercebido da coisa.
Mas certo é que, de então para cá, de cada vez que vou para repetir este meu gesto velhíssimo, me recordo daquela lição, paro-me e corrijo-me.
No dia em que não se aprenda alguma coisa, mais vale nem sequer sair da cama!

E se querem saber que fazia eu e que deixei de fazer, bem podem tirar o cavalinho da chuva e deitarem-se a adivinhar: tenho por demais vergonha para o contar!


Texto e imagem: by me

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