segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Lá nos altos
Quando estou por casa, não me apetece fazer o almoço nem quero ir muito longe, recorro ao MacDonalds aqui do bairro.
Não que a comida seja grande coisa, que não o é sabemo-lo todos. Mas sempre tem uma esplanada que, se o tempo estiver de feição, sempre nos permite acender uma pirisca sem nos levantarmos. Manias de fumador…
Pois pus-me a caminho, com um livro no bolso do casacão, um caderno no outro e a câmara pendurada no ombro, como de costume. Levava ela uma objectiva comprada não há muito tempo. Uma Tamron 18-200. Uma daquelas que não recomendo porque não muito boa e com limitações. Mas que, em o sabendo e tirando partido do que permite, até faz o seu trabalho razoavelmente.
Pois a meio caminho dou com o que aqui se vê: uma ave de rapina nos céus. A óptica que levava não permitia grandes aventuras, e mesmo isto é o resultado de uma valente ampliação.
Mas sempre fica o registo, e para que se saiba, que neste dormitório nos arrabaldes de Lisboa, voltejam buteos (suponho que seja um).
Delicia mesmo foi ficar a vê-lo planar, por vezes imóvel porque contra o vento, ele como eu em busca do almoço.
Não sei se o terá encontrado, já que, mais tarde regressei para melhores fotografias (que não consegui) e ele por lá estava, partilhando os céus com gaivotas.
O que ele não soube, mas soube eu, foi que foi partilhado cá de baixo também. Ao ser visto equipado como fui, um bando de catraios e catarias, algures entre os 12 e os 15 anos, vieram ter comigo, tentando saber o que estava eu a fotografar nos céus. E lá estiveram eles a ver também, a olho nu ou p’la minha objectivas, os voos e os mergulhos deste nosso vizinho alado.
As nuvens cobriram o sol e a luz foi-se. Tal como eu p’ra casa, com a câmara cheia de troféus e alma repleta de satisfação.
Que bem mais que as fotografias ou o tê-lo visto lá em cima, foi o ter tido a oportunidade de, a troco de nada, mostrar um outro mundo àquela gente nova.
Foi uma tarde bem rica, a despeito dos hambúrgueres e coca-colas.
Texto e imagem: by me
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