Tocam
à campainha. Interrompendo a leitura, vou atender depois da reincidência do
toque. Era na entrada do prédio.
Pelo
intercomunicador faço a pergunta clássica: “Quem é?”. “É o jornal “talecoisa”,
dizem-me.
“Não
estou interessado, obrigado.”, é a resposta invariável. De facto, essas
publicidades disfarçadas de comunicação social não me interessam. Para além de
atafulharem a caixa do correio, mesmo com o aviso de que não quero correspondência
não endereçada, o seu conteúdo noticioso… Prefiro não adjectivar sobre ele.
Desta
feita, e vá lá saber-se porquê, não desliguei logo a comunicação. Infelizmente,
que quem estava a querer que lhe abrisse a porta largou uma série de impropérios
que o pudor me impede de aqui reproduzir.
Desliguei,
irritado.
Porque
raio tem um morador de um prédio que abrir a porta deste quando o assunto não
lhe diz respeito e quem quer entrar não tem urgência nem se trata de um serviço
público?
Bem
sei que estas pessoas estão a trabalhar. Um trabalho mal pago, nem sempre bem
recebidos e que eu mesmo não gostaria de fazer.
Mas,
“com mil milhões de macacos!”, porque é que tenho que abrir a porta?
Sorte
dele, que p’la voz me pareceu ser um rapaz novo, que estava eu despido e teria
ainda que descer ao piso térreo. Quando não, acredito que ele deixasse de fazer
este trabalho, pelo menos neste prédio, para todo o sempre. Que trataria eu de
tirar toda a vontade disso!
By me
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