terça-feira, 2 de julho de 2013

Correio



Tocam à campainha. Interrompendo a leitura, vou atender depois da reincidência do toque. Era na entrada do prédio.
Pelo intercomunicador faço a pergunta clássica: “Quem é?”. “É o jornal “talecoisa”, dizem-me.
“Não estou interessado, obrigado.”, é a resposta invariável. De facto, essas publicidades disfarçadas de comunicação social não me interessam. Para além de atafulharem a caixa do correio, mesmo com o aviso de que não quero correspondência não endereçada, o seu conteúdo noticioso… Prefiro não adjectivar sobre ele.
Desta feita, e vá lá saber-se porquê, não desliguei logo a comunicação. Infelizmente, que quem estava a querer que lhe abrisse a porta largou uma série de impropérios que o pudor me impede de aqui reproduzir.
Desliguei, irritado.
Porque raio tem um morador de um prédio que abrir a porta deste quando o assunto não lhe diz respeito e quem quer entrar não tem urgência nem se trata de um serviço público?
Bem sei que estas pessoas estão a trabalhar. Um trabalho mal pago, nem sempre bem recebidos e que eu mesmo não gostaria de fazer.
Mas, “com mil milhões de macacos!”, porque é que tenho que abrir a porta?

Sorte dele, que p’la voz me pareceu ser um rapaz novo, que estava eu despido e teria ainda que descer ao piso térreo. Quando não, acredito que ele deixasse de fazer este trabalho, pelo menos neste prédio, para todo o sempre. Que trataria eu de tirar toda a vontade disso!

By me

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