terça-feira, 7 de junho de 2011

Algo de podre



Esta é uma sociedade de todo invertida. Dos princípios às práticas.
Afirmamos, na Lei Fundamental, que vivemos num Estado de Direito e Democrático. No entanto…
No entanto menos de metade, bastante menos de metade, dos cidadãos Portugueses optaram pela pessoa que ocupa o cargo de Presidente da República. E menos de metade dos cidadãos optaram pelo grupo privado classificado como “Partido” para gerir os destinos do País, para assumir em nome de todos a responsabilidade de fazer leis e assumir compromissos que se reflectirão na vida privada dos portugueses e seus descendentes. Não faz sentido que menos de um quarto do total de cidadãos eleitores decidam sobre a totalidade do povo português.
Algo está mal no conceito, regulamentação e prática da Democracia em Portugal.

Por outro lado, a legislação define como princípio que todos os cidadãos são iguais perante a lei e que todos são inocentes até prova em contrário. Mas este último conceito está subvertido pelo conceito de segurança e organização.
As câmaras de vigilância super abundam (e com tendência notória para aumentar) nos locais públicos, vigiando e registando os movimentos e actividades dos cidadãos, livres e de pleno direito, mas assim tratados como se de suspeitos ou criminosos se tratassem.
Nos acessos a alguns transportes colectivos, alguns museus e mesmo ruas e espaços públicos, somos revistados, identificados, numerados, chegando ao ponto de se usar de tecnologia avançada para investigar o interior do corpo. Ficando assim a saber, por caricato que possa parecer, se possuímos algum tipo de prótese interna. O próprio acesso à casa da Democracia, a Assembleia da República, é assim feito.
Somos forçados a possuir formas de identificação individual que contêm informações a respeito do próprio que ele mesmo desconhece. Mas que será penalizado se não o possuir e exibir quando solicitado.
Existem profissões e instituições cuja função é discutirem sobre o que é proibido fazer. Sobre este assunto são incontáveis as pilhas de livros publicados. Mas poucos se dedicam ou escrevem sobre o que pode ou se recomenda fazer em prol do próprio ou do País.
Numa sociedade que se diz de Direito e Democrática, são alguns que decidem sobre todos e cada um tem que provar a sua inocência, mesmo sem acusação.
É o que resta do pecado-original Judaico-Cristão.

Mas se não sou crente, se não sou seguidor da Tora, da Bíblia, ou mesmo do Corão, porque raio terei eu que ser submetido às indignidades e normas iníquas limitadoras da minha liberdade? Da liberdade de cada um de nós!
No entanto, alguns há que adoram e se batem por ter poder sobre os demais, e rejubilam com esta podridão, com os medos inventados, e que se entretêm, em nome da liberdade e segurança, a criar novas leis e mecanismos que apenas aumentam o grau de submissão e escravidão da maioria dos Humanos.

De Direito e Democrático? Talvez seja essa a letra e o espírito, mas não é certamente a prática. Algo vai de muito podre neste país (planeta) em que nasci e vivo!

By me

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