quarta-feira, 6 de abril de 2011

A sapatilha



Ela estava ali, sossegada, parada na esquina.
Parecia simpática, ainda que não sorridente, e a sua atitude de solitária mexeu comigo. Deixei-me ficar um pedaço, a observar o que acontecia, mas coisa alguma: Nem se dirigia a quem passava, nem atendia o telemóvel, nem mandava mensagens… nada. Mais ainda: apesar de manter o meu olhar fixo sobre ela, não olhou para mim. Suspeito que nem deu pela minha presença.
Chegou a um ponto em que eu me senti incomodado pela sua imobilidade: que diabo!, com este aspecto de jovem não deveria estar assim, tão solitária e triste na vida. Aproximei-me.
Saudei-a, perguntei se poderia ser de alguma utilidade ou se, em alternativa, aceitava tomar algo e conversar um pouco. Sei que como abordagem nada tem de original, mas também eu não estava no engate: apenas me fazia pena vê-la assim, triste e solitária.
Sorriu e agradeceu-me, simpática como a havia imaginado. E, em tom de complemento, explicou-me que estava à espera do seu par, o direito, que tinha ido ali à loja comprar uns atacadores bonitos.
Fiquei-me, assim, pela fotografia, que deixou fazer sem protestos ou cara feia.

By me

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