domingo, 17 de abril de 2011

O meu tio



Anda toda a gente a falar no Tio: Tio para aqui, tio para ali, tio isto, tio aquilo…
E eu, que não sou menos que os demais, também vou falar de um tio:

Quando o meu tio Artur morreu, eu era um menino pequeno.
Em boa verdade, ele não era meu tio mas antes tio-avô do lado materno. Vivia ali para os lados do Largo do Rato, num rés-do-chão em cujo quintal havia uma roseira enorme e colorida. Para além disto e de mais alguns poucos episódios indelevelmente gravados na minha memória, o que mais sei dele é o de ouvir contar na família.
Uma das estórias que se relatam prende-se com a sua vida afectiva.

Quando jovem, estaria apaixonado por uma moça que lhe respondia na mesma forma. Mas a juventude tem destas coisas e acabou por conhecer, no sentido bíblico do termo, uma outra rapariga com quem foi obrigado a casar.
O tempo passou e as personagens desta estória envelheceram. Até que meu tio Artur enviuvou.
E os sobreviventes, com o mesmo amor da sua já distante juventude, casaram. Conta quem sabe que viveram felizes o que restou das suas vidas.

Se fosse vivo, o meu tio Artur teria uns 110 anos, mais talvez. Nem sei qual a sua data de aniversário. Mas como não conheço mais ninguém que hoje faça anos, aqui lhe acendo e sopro umas velas:
Parabéns a você, nesta data querida…


Texto e imagem: by me

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