sábado, 16 de abril de 2011

Não em meu nome!



Alguém vai ter que me explicar isto, mas muito bem explicadinho, que eu sou muito burro!
O primeiro-ministro demitiu-se, junto com o seu gabinete de ministros. O presidente da República aceitou essa demissão.
Na sequência disto, o Presidente da República dissolveu a Assembleia da República e convocou eleições legislativas.
Ficou, assim, o país com um único órgão de poder democraticamente eleito e em pleno uso dos seus poderes: o Presidente. Que a Assembleia deixou de ter poderes legislativos e de representar o Povo Português e o governo, que ao contrário do que a maioria das pessoas pensas, não é eleito mas antes nomeado e empossado a partir de uma maioria parlamentar, está em funções de gestão.
Acontece, também, que os partidos políticos não são poder representativo dos cidadãos. São associações particulares de cidadãos, que eventualmente partilham ideais comuns, e que se apresentam a eleições para que alguns dos seus elementos ocupem lugares de gestão da coisa pública: o País.
Pergunto-me, assim, porque raio tem que o governo negociar o que quer que seja com os partidos políticos ainda antes de haver eleições? Por muito que se façam estimativas, por muito que os politólogos e afins façam projecções, a verdade é que a representação parlamentar e a proporção de membros de cada partido no hemiciclo ainda não aconteceu.
Porque motivo o Primeiro-ministro tem que negociar eventuais empréstimos externos com quem não representa a nação? A nenhum líder de nenhum partido político foi dado poder para nos – me – representar, nem para elaborar e decidir de leis nem para negociar o futuro do país junto de entidades cujo fim último, convém dizê-lo claramente, é ganhar dinheiro com os negócios que efectuam.
Não reconheço legitimidade a ninguém, neste momento, para me representar, que não seja ao Presidente da República, ainda que nele não tenha votado, e ao Primeiro-ministro e seu gabinete (ainda que nele não tenha votado nem na sua formação política), que é tudo o que resta da anterior legislatura.
Se o País tem que negociar o que quer que seja com quem quer que seja exterior a ele, que sejam os legítimos representantes do povo Português a fazê-lo, e não políticos profissionais, que pouco ou nada fizeram na vida que não fosse serem políticos, e que não representam quem quer que seja que não apenas os membros da associação particular a que pertencem e a que dão o nome de partido.
Em meu nome, os membros de entidades privadas não podem decidir o que quer que seja sobre o meu futuro, que não lhes dou autorização para tal.
A menos que a Democracia seja uma treta e a Lei aquilo que se escreve para dar a ganhar a deputados e advogados.
Em meu nome, esses senhores, não!

Texto e imagem: by me

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