Atravessou a rua, deixando para trás os seus amiguinhos, direita a mim.
- Olhe, dava-me um cigarro?
Olhei para a sua juventude e, segurando a câmara na mão esquerda e o cigarro acesso na direita, perguntei-lhe:
- E já tens idade para fumar?
- Faço dezassete anos para o mês que vem! – respondeu-me, não sei se mentindo se não.
Olhei-a de alto a baixo, dei-lhe o benefício da dúvida e atirei-lhe:
- Troco! Um cigarro por uma fotografia dos teus olhos!
Riu-se. Um riso que ficava algures entre a surpresa e o nervosismo.
- Uma fotografia dos meus olhos? Uhhhhh…. Pode ser!
Dei-lhe o cigarro, posicionei-a na melhor luz, olhei para câmara, afinei-a e, quando levantei os olhos, quase que tive que lutar para fazer o que aqui se vê. Os seus amigos tinham atravessado a rua e, p’la fé de quem eram, haveriam de ficar na fotografia também.
Mas não! O negócio tinha sido com ela e apenas dela haveria de guardar o olhar.
O que não guardei foi o seu nome, que no meio da confusão que se gerou nem tive oportunidade de o inquirir. Talvez seja Maria, a Estudante.
By me
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