Acontece ao mais pintado:
A fritar um ovo, saltou-me um pingo de azeite – quente! – para a mão e queimei-me.
Não vou aqui dizer o que então proferi, que isto aqui é para todas as idades e sensibilidades, mas estou em crer que os meus vizinhos ficaram a saber da riqueza do meu vocabulário.
Tendo conseguido não deixar cair a frigideira, pousei-a e corri para a farmácia doméstica, onde se guardam não só as sobras dos medicamentos mas também aqueles outros para as urgências, em busca da pomada que miraculosamente me iria aliviar. Não tinha!
Há uns meses, numa aflição semelhante de um vizinho, havia lhe emprestado a minha bisnaga e não tinha feito a recarga.
Felizmente, desta vez havia sido apenas um pinguito e a coisa passou, mais ou menos. Mas ficou-me na ideia que haveria de comprar outra, não se vá dar o caso de a queimadura ser bem maior e profunda. O que tratei de fazer aquando da minha passagem pelo super cá do burgo, que tem uma parafarmácia, daquelas que vendem de tudo, desde que não exijam receita médica.
Ao balcão, pedi por uma de duas marcas: Queimax, na imagem, ou Apirol. Não sou especialista na matéria, farmacêutica ou quejanda, mas estas duas estão na minha memória desde sempre, assim como Aspirina, se bem que neste caso, o ácido acetilsalicilico se use com outro nome e apresentação, cá em casa.
Ao balcão, a parafarmacêutica disse-me que só tinham esta, mas querendo ajudar e fazer o seu papel, sempre me perguntou para que efeito era. E lá lhe expliquei: queimaduras em geral, de azeite em particular, que me tinha dado muito jeito. Olhando ela para a embalagem, disse-me com ar sabedor:
“Ah sim, esta tem água purificada, pelo que serve perfeitamente.”
Paguei, recusei o saco de plástico como habitualmente, e guardei no bolso. Mas guardei também a informação da “água purificada”. Que raio de importância isso teria para queimaduras?
Em casa fui ver e constatei o que se lê (eu ajudo que as letras são pequeninas): Sulfato de hidroxiquinoleina e potássio– 0,2%; Cânfora – 0,3%; Excipientes: Goma de Alfarroba e Água Purificada.
Fiquei assim a saber que o tal ingrediente milagroso afinal pouca importância terá. O que de facto conta são aqueles, somados, 0,5%. Mas também fiquei a saber para que serve aquilo que enchia sacas que ajudei a carregar quando catraio, a Alfarroba, que o meu avô tinha umas quantas alfarrobeiras.
Sabia eu que ele guardava metade do que colhia para alimentar a sua burra, Catita de seu nome, e que vendia o resto para uma cooperativa agrícola a que estava associado. E nunca me passou pela cabeça que servisse para tal.
O que posso também assegurar é que, provada no seu estado natural, a Alfarroba sabe mal que se farta. Mas garanto que a Alfarrobeira proporciona esplêndidas sombras quando o calor aperta e se quer dormir uma bela de uma sesta.
Para quem quiser saber mais sobre os usos da Alfarrouba, aqui fica um link: AQUI
Texto e imagem: by me
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