quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Desculpe


A estória é velha de anos.
Foi-me contada em primeira-mão por um dos protagonistas, um velho amigo e companheiro de andanças fotográficas e lectivas, entre outras.
Era dia de teste escrito e ele foi distribuindo os enunciados pela sala. Em chegando ao fim, regressou à sua própria mesa e olhou para a sala e os alunos que já se debruçavam sobre as questões apresentadas.
Lá ao fundo, mesmo no cantinho, uma das alunas falava baixinho, mas audível, para um telemóvel, perguntando sobre uma das fórmulas ali escritas.
Consigo imaginar (porque lá não estava) a cara de furioso que ele assumiu, bem como os passos decididos com que atravessou a sala e o tom com que lhe pediu o aparelho.
E ela, em tom humilde, pediu-lhe desculpa ao mesmo tempo que lho entregava.
E consigo imaginar a cara de espanto com que ele ficou ao constatar que se tratava de um telemóvel de brinquedo.
Não sei como acabou isto. Ou porque nunca mo contaram, ou porque só memorizei o principal. Mas, confesso, não sei como eu mesmo reagiria nesta situação!
Desse meu companheiro e amigo, espero vir a encontrá-lo, mais quartel, menos lustro, num ponto improvável, para fazermos fotografias impossíveis sob uma luz inexistente.
Dela, que lhe perdi o rasto ao longo dos anos como à maioria dos alunos que tive, vim a saber recentemente que está bem e que se recomenda. Como aliás seria de esperar de alguém com a sua energia e sentido de humor.

Texto e imagem: by me

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