Em chegando ao principal largo do meu bairro, tudo parecia estar como de costume: a estação de comboios no mesmo sitio, o centro comercial também, o quiosque continuava a vender revistas e tabaco, os passeios mantinham-se ocupados por automóveis…
A única nota dissonante era uma patrulha apeada de três membros da divisão de trânsito da PSP. Bem visíveis à distância, que a sua braçadeira vermelha não dá azo a confusões.
Estavam eles (dois homens e uma mulher) olhando pacatamente o que ali se passava e foram-se dirigindo para os meus lados, que parara eu no cruzamento das duas ruas da imagem.
Esperei que se aproximassem quanto bastasse e interpelei-os sobre se iriam actuar em relação aos passeios ocupados.
Responderam-me que sim que talvez, mas que primeiro haveriam de tratar destes outros, estacionados também à margem do código da estrada, mas na faixa de rodagem.
Então eu espero, disse-lhes, vou ali ao Multibanco e volto. É que, sabem, faço questão de fazer valer os meus direitos como peão e sempre gostaria de vos ver aplicar a lei.
“Vá”, disse-me ela em tom irónico, “e aproveite e tome um ou dois cafés, que isto vai demorar muito!”
Fui, voltei, esperei, fui tomar um café, voltei, continuei a esperar e, hora e meia depois, estavam todos os estacionados na faixa de rodagem multados, alguns com os condutores identificados.
Entretanto, e porque a presença deles ali, bem como o que estavam a fazer, já tinha sido divulgada por tudo quanto era lugar nas imediações, todos os carros que estavam no passeio haviam partido, dando lugar a um passeio largo, bonito de se ver, e seguro para quem nele quisesse caminhar.
Fui-me embora, que nada mais havia ali para eu ver. Já na estação, do outro lado do largo, ainda vi a agente que me havia recomendado dois cafés, na zona do passeio, a olhar para ele e para mim, encolhendo os ombros.
Claro que, tendo que definir prioridades, o estacionamento irregular no asfalto é bem mais importante que a segurança dos peões.
Resta saber se é uma opção dos agentes de segurança, se uma decisão dos seus comandos ou se depende da importância das coimas aplicadas.
Texto e imagem: by me
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1 comentário:
Infelizmente, é este o país no qual vivemos e onde os automóveis parecem ter mais direitos do que os peões. Também à porta de minha casa, num passeio que não tem mais de 2,5 metros de largura, numa rua com estacionamento gratuito e construido para esse efeito, há gente que teima em estacionar os seus veiculos em cima do passeio, junto à entrada dos edificios, obrigando os peões a contornar os carros pela estrada. Comecei por deixar avisos impressos no pára-brisas dos carros, apelando ao bom senso e ao respeito pelos peões. De nada serviu. Passei a colar autocolantes do Passeio Livre. De nada serviu. Haviam carros que ficavam no mesmo local, em cima do passeio, 3 dias seguidos. Um dia fartei-me e chamei a policia. Apareceu o reboque e 2 agentes, aos quais reclamei desta pouca vergonha. Autuaram os veiculos que estavam em cima do passeio e, desde esse dia, rara é a aventesma que estaciona em cima do passeio na rua onde moro. Mas ainda há quem o faça. Desde esse dia passei a ser o "maluco-que-chama-a-policia-para-multar-os-carros-em-cima-do-passeio". Sim, o maluco sou eu, com certeza. Afinal, uma das pessoas que tinha por hábito estacionar em cima do passeio chegou a dizer-me, cara-a-cara, que tinha todo o direito a fazê-lo porque morava naquela rua também e porque era normal fazer isso já há anos. E eu é que sou o maluco. Fiz um pedido à divisão de trânsito da câmara municipal da cidade onde vivo para que sejam instalados pilaretes nesta rua, para que se acabe de vez com este abuso. Infelizmente, neste país, quem faz por cumprir as leis é maluco. Quem não as cumpre, é que é normal.
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